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OSPA apresenta a controversa “Quinta Sinfonia” de Shostakovich

Pela primeira vez com a OSPA, Jin Baek rege o espetáculo; o violoncelista Bernhard Lörcher é solista de obra de Tchaikovsky

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Orquestra Sinfônica de Porto Alegre   Vitória Proença   Ascom Ospa
Orquestra Sinfônica de Porto Alegre - Foto: Vitória Proença - Ascom Ospa
Por Ascom | OSPA

Por vezes, as grandes sinfonias carregam dezenas de significados ocultos. Um exemplo repleto de  simbologias  subliminares é a “Sinfonia nº 5”, do russo Dmitri Shostakovich (1906-1975). A obra é o destaque do concerto do próximo sábado (12), às 17h, na Casa da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (OSPA), fundação vinculada à Secretaria da Cultura (Sedac). Para esta ocasião, a Sinfônica recebe pela primeira vez o regente sul-coreano Jin Hyoun Baek, diretor artístico do Busan Maru International Music Festival. Também pela primeira vez com a OSPA, o violoncelista alemão Bernhard Lörcher executa os solos de “Variações em um Tema Rococó”, de Piotr Ilitch Tchaikovsky (1840-1893). Os ingressos para o concerto podem ser adquiridos pelo Sympla por valores entre R$ 10 e R$ 50. A apresentação também será transmitida ao vivo pelo canal da OSPA no YouTube.

Antes da apresentação, a Sala de Recitais estará de portas abertas para mais uma edição da série de palestras Notas de Concerto, às 16h. O violoncelista da OSPA Murilo Alves comenta ao público o repertório do espetáculo, que além dos compositores russos, contempla a abertura da ópera “As Vésperas Sicilianas”, de Giuseppe Verdi (1813-1901). Composta por encomenda em 1855, após os sucessos de “Rigoletto” e “La Traviata”, é uma das mais relevantes óperas do século XIX. “Seguindo a tradição da época, a introdução instrumental apresenta diversos temas do drama musical. Um exemplo é a melodia da ária da personagem Elena, apresentada pelo naipe de madeiras”, destaca Murilo.

Partindo da ópera de Verdi, a OSPA dá um salto ao repertório russo com influências italianas. Em “Variações em um Tema Rococó para Violoncelo e Orquestra, Op. 33”, Tchaikovsky utiliza referências que enriquecem a composição, como por exemplo, aspectos técnicos desenvolvidos pelo violinista Nicolò Paganini. O resultado é uma obra difícil, virtuosística, com temas russos e cadências elegantes, ao estilo de um compositor que Tchaikovsky admirava muito: Wolfgang Amadeus Mozart. “Este é o aspecto único sobre esta peça: a versatilidade das variações. Sons da antiguidade, elegância clássica, fogo romântico, virtuosismo italiano e nostalgia russa ao mesmo tempo”, comenta o violoncelista alemão Bernhard Lörcher. 

O músico já esteve no Rio Grande do Sul como estudante nos anos 90, tendo inclusive se apresentado com o pianista gaúcho Ney Fialkow. “A cidade é linda, as pessoas são legais, a comida é impressionante, há grandes praias não tão distantes e vilas alemãs ao norte de Porto Alegre. Ver casas do estilo germânico ao lado de pés de tangerina foi algo que me arrancou um sorriso e que jamais esqueci. Na Alemanha, não nascem tangerinas de jeito nenhum!” complementa o violoncelista. 

Após o intervalo, a OSPA retorna para apresentar a fascinante “Sinfonia nº 5”, de Shostakovich. A obra foi uma espécie de resposta do compositor às pressões que vinha sofrendo para se adaptar à estética do regime soviético. Após ser duramente criticado no jornal oficial partidário Pravda, em 1936, cancelou a estreia da sua Quarta Sinfonia, que estava distante do novo realismo socialista. Em 1937, apresentou sua Quinta Sinfonia. A composição parecia estar em conformidade com as novas diretrizes nacionais, mas continha uma crítica ao regime soviético.

Shostakovich inicia a obra com uma escolha que viria a se tornar típica do autor em sinfonias posteriores: um longo e sombrio movimento lento, que termina de forma interrogativa após o clímax. Já sua segunda parte é como uma valsa ansiosa, que precede um novo movimento lento com diversas referências religiosas, que é seguidamente interpretado como um lamento pelos mortos do regime. É apenas o último movimento da composição que incorpora, de maneira apoteótica, quase circense, o espírito do realismo socialista, contrastando com o restante da sinfonia. Especialistas costumam descrever as três fases dessa obra como a derrota, o luto e, por fim, a obediência ao regime, que viria a conceder ao compositor a possibilidade de seguir trabalhando por mais três décadas como um dos principais criadores artísticos da União Soviética.

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Maestro Jin Baek é diretor artístico do Busan Maru International Music Festival e da Busan Festival Orchestra - Foto: Divulgação - OSPA
Sobre Jin Hyoun Baek (regente – Coréia do Sul)

O maestro Jin Baek é diretor artístico do Busan Maru International Music Festival e da Busan Festival Orchestra, na Coréia do Sul, além de regente convidado da Tianjin Symphony Orchestra, na China, desde 2004. Dirigiu também a Masan Philharmonic Orchestra e a Gyeongbuk Philharmonic Orchestra, que, sob a sua tutela, participaram de grandes festivais ao redor do mundo. Regeu algumas das orquestras de maior prestígio na Coréia, além de ter conduzido orquestras na Rússia, na Itália, no México, na Mongólia, na China, no Japão e em Cuba. Jin Baek recebeu vários prêmios, incluindo o 27º Today's Leading Musician Award e Busan Artist Award por suas contribuições para o avanço da música clássica na Coréia do Sul, além do Korea Musician's Honor, em 2018. É graduado pela Keimyung University da Coréia, pós-graduado no Brooklyn Conservatory of Music, mestre pela Manhattan School of Music de Nova York, doutor em Artes Musicais pela Far Eastern State Academy of Arts na Rússia e em Ciência das Artes pela Silla University. Atua também como professor de regência na Dongseo University Graduate School (Coréia do Sul).

Bernhard Lörcher   crédito Acervo Pessoal
Violoncelista Bernhard Lörcher já se apresentou como solista em orquestras europeias e brasileiras - Foto: Acervo Pessoal
Sobre Bernhard Lörcher (violoncelista – Alemanha)

O violoncelista alemão Bernhard Lörcher estudou na Hochschule für Musik Karlsruhe com o professor Martin Ostertag. Obteve seu diploma de Orquestra e Solista com prêmios em ambos os casos, e é violoncelista principal da Stuttgarter Philharmoniker desde 2001, com passagens como visitante por outras orquestras nos Estados Unidos, no Brasil e na Europa. É professor de música desde 1997, lecionando em instituições da Alemanha e do mundo, com diversas passagens pelo Brasil. Também já se apresentou como solista em orquestras européias e brasileiras, mas esta é sua primeira passagem como solista pela OSPA.

Serviço

Concerto da Série Casa da OSPA –  Shostakovich V

Data: 12/08
Horário: Início do concerto: às 17h -  Palestra Notas de Concerto: às 16h, com Murilo Alves
Local: Casa da OSPA (Caff – Av. Borges de Medeiros, 1.501, Porto Alegre

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