14º Fórum Estadual de Museus coloca as políticas públicas no centro das discussões
Evento é uma realização da Sedac, por meio do Sistema Estadual de Museus
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Teve início nesta terça-feira (24/5) o 14º Fórum Estadual de Museus, em Pelotas. Com o tema “Políticas Públicas para Museus: os 20 anos da Carta de Rio Grande”, a edição marca a retomada do evento, que não acontecia desde 2013. As atividades vão até o dia 27 de maio, com transmissão no YouTube.
Em formato híbrido, a programação conta com palestras, apresentações de trabalhos, grupos de trabalho e mesas-redondas, com o objetivo debater e encaminhar políticas públicas para o setor museológico, fomentando reflexões sobre as relações entre os museus e a sociedade – acesse aqui a programação completa. O evento e suas discussões sobre as políticas públicas de museus resultarão na aprovação do Plano Setorial de Museus do RS pelos participantes.
O Fórum é uma realização da Secretaria de Estado da Cultura (Sedac), por meio do Sistema Estadual de Museus (SEMRS), em parceria com Prefeitura de Pelotas, através da Secretaria Municipal de Cultura (Secult) e a Universidade Federal de Pelotas (UFPel), por meio da Rede de Museus da UFPel/Prec e do Bacharelado em Museologia. Conta, também, com o apoio de mais de 20 instituições públicas e privadas.
A UFPel recebe o evento no auditório do Centro de Artes – Rua Álvaro Chaves, 65, Centro. O Fórum também acontece em outros locais do Centro da cidade – clique aqui para conferir.

Abertura
A mesa de abertura contou com a presença da secretária da Cultura, Beatriz Araujo, da prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas, do secretário municipal de Cultura, Paulo Pedrozo, da coordenadora do SEMRS, Carine Duarte, da reitora da UFPel, Isabela Fernandes Andrade, do coordenador do curso de Museologia da UFPel, Daniel Maurício Viana de Souza, e do representante das sete Regiões Museológicas do Estado, Adilson Nunes de Oliveira.

Beatriz Araujo apontou o desafio da institucionalidade para garantir a execução de políticas culturais. “Temos um compromisso ético e político a cumprir na gestão do patrimônio, em todas as instâncias da administração pública. Por meio das instituições e dos sistemas museológicos, precisamos não só preservar a riqueza do imenso repertório cultural brasileiro, mas também criar as condições, materiais, tecnológicas e humanas, para ampliar sua potência formativa e educacional.”
Para a secretária, durante o percurso é “essencial contemplar a diversidade, que passa pelo respeito e pela aceitação do outro, pelo repúdio a todas as formas de preconceito para a criação de espaços dignos, acessíveis e abertos à participação e à promoção cultural de todos e todas. Cientes disso, na atual gestão da Secretaria da Cultura, criamos uma assessoria especial de Diversidade, que reforça esse princípio em nossas ações e programações”.
Apontando um caminho de ampliação das narrativas presentes nos museus, Beatriz trouxe algumas experiências das instituições vinculadas à Sedac. Foi o caso do Museu Julio de Castilhos (MJC) que, em 2019, compôs a exposição Memória e Resistência com a participação de comunidades indígenas. Recentemente, o Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs) inaugurou a mostra Presença Negra no Margs, “100% concebida e constituída por fazedores artísticos negros e negras, invisibilizados por longo tempo na história da arte do Estado”, ressaltou.
Pensar em políticas públicas é, também, garantir novos espaços e qualificar os já existentes. Essa é uma das missões do Avançar na Cultura, que investiu R$ 112 milhões no setor cultural. “Foram R$ 82 milhões destinados à preservação e à recuperação do patrimônio, em ações nas mais de 20 instituições ligadas à Sedac. Por meio do Edital + Museus, quase R$ 24 milhões foram destinados a seis municípios que apresentaram projetos para criação de novos museus: Canoas, Lagoa Vermelha, Pelotas, Santa Rosa, Santo Ângelo e Taquara”, destacou Beatriz.
Diretores das instituições da Sedac estão entre os participantes do evento. O diretor do Museu da Comunicação Hipólito José da Costa (MuseCom), Welington Silva, faz parte da organização do Grupo de Trabalho (GT) Políticas de Gestão e Organização do Setor Museológico (Plano Museológico), que se reúne no dia 25 de maio. No mesmo dia, a coordenadora do SEMRS, Carine Duarte, compõe o encontro do GT Política de Capacitação e Formação (Fóruns de Museus, Oficinas de Capacitação e Seminários), além de integrar a mesa-redonda ‘Política Nacional de Museus, Sistemas Nacional e Estadual de Cultura’. No dia 26, a diretora do MJC, Doris Couto, fará a mediação da mesa-redonda ‘Perspectivas para os museus do Rio Grande do Sul pós-pandemia Covid-19’.
Carta de Rio Grande
Em 2002, no encerramento do 8° Fórum Estadual de Museus, realizado no município de Rio Grande, foi aprovada por unanimidade entre os participantes – com representações de 12 estados – a Carta de Rio Grande, documento que visava propor a necessária implantação de uma política para o setor museológico e de patrimônio cultural nos âmbitos estaduais e federal.
Entre os pontos levantados pela Carta, estão os princípios orientadores para uma Política Nacional de Patrimônio Cultural e Museus, políticas de gestão e organização do Setor Museológico, políticas de financiamento e fomento aos museus nacionais e estaduais, democratização e acesso aos bens culturais, capacitação e formação, aquisição e gerenciamento de acervos e bens culturais.
A Carta de Rio Grande adquiriu importância para além do Rio Grande do Sul. Foi com base nas demandas por ela pautadas que se construiu toda a política nacional do setor, publicada em 2003.