Repensando 19 de Abril: Sedac traz reflexões sobre a realidade dos povos indígenas
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No dia 19 de abril, o Brasil celebra o Dia do Índio. Criada há 79 anos, a data é questionada por lideranças indígenas por carregar estereótipos e preconceitos, esvaziando as discussões importantes sobre os povos originários. A partir disso, a Secretaria de Estado da Cultura (Sedac), apresenta a segunda edição do Repensando 19 de Abril. Com o mote “Memória e Resistência”, o projeto busca refletir sobre as contradições dessa data e a situação atual dos povos indígenas.
O Repensando 19 de Abril traz como temática a importância dos povos originários na construção do Rio Grande do Sul, seu papel definidor na cultura gaúcha e as lutas do passado e do presente para preservar a sua existência e os seus diversos modos de vida.
“Buscamos, por meio da cultura, propor a reflexão sobre as contradições desta data, tendo como ponto de partida a realidade atual dos indígenas, a resistência deste povo e, principalmente, o seu importante legado para a história e a preservação do meio ambiente do país”, aponta a assessora de Diversidade da Sedac, Clarissa Lima.
A secretária da Cultura, Beatriz Araujo, salienta a importância da continuidade da ação, iniciada em 2021. “É o segundo ano de um projeto de extrema relevância, onde buscaremos aprofundar as questões e abrir ainda mais os espaços de diálogo, com escuta atenta e disposição de aprender com quem tanto tem a ensinar”, afirma.
Dia do Índio
A data surgiu a partir de um protesto dos povos indígenas do continente americano, em 1940, quando o Congresso Indigenista Interamericano, organizado no México, se propôs a debater medidas para proteger esses povos no território. Inicialmente, os indígenas boicotaram o evento, achando que não seriam ouvidos. Contudo, no dia 19 de abril, decidiram participar das discussões. Em função desse movimento, a data foi escolhida para celebrar o Dia do Índio.
Poucos países reconheceram a data. O Brasil não aderiu às deliberações do Congresso, mas instituiu o dia em 1943.
Confira as atividades do Repensando 19 de Abril:
- Museu Arqueológico do RS (Marsul):
Entre 6 e 27/4 | Conversas do Marsul – Os povos antigos do RS
Durante todo o mês de abril, o Marsul promove lives em suas redes sociais sobre diversos aspectos da contribuição dos povos originários à formação do Rio Grande do Sul.
6/4 - 19h | As contribuições do Marsul para o estudo dos povoamentos pioneiros do RS: com a arqueóloga e professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) Adriana Schmidt Dias.
7/4 – 18h | Arqueologia dos construtores de cerritos do Pampa: com o arqueólogo e professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) Rafael Milheira.
13/4 - 19h | As paisagens culturais do planalto Sul brasileiro: as pesquisas arqueológicas e a construção de narrativas: com a arqueóloga e professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Silvia Copé.
20/4 - 19h | Sambaquis do Sul do Brasil: com o arqueólogo e professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) Gustavo Peretti Wagner.
27/4 - 19h | Os territórios Guarani: dois mil anos na Região Sul do Brasil: com o arqueólogo e investigador do Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa (Uniarq) Francisco Noelli.
Local: Canal do Marsul no YouTube
- Memorial do RS e Museu Antropológico do RS (Mars):
A partir de 7 de abril | Exposição “Kunhun Gá J?kre - História e memória das retomadas Kaingang no Rio Grande do Sul”
Exposição dedicada à temática das retomadas Kaingang no RS. Em tradução livre, Kunhun significa retomada, Ga terra e J?kre memória, também compreendida como a sabedoria e a forma de fazer as coisas dos antigos. Além de fotografias, textos e objetos, a exposição contará com desenhos da artista Kaingang Vera Lúcia Kaninhka da Rosa.
A exposição terá duração de 2 meses, ocupando as Salas do Tesouro do Memorial do Rio Grande do Sul. Um dos curadores da exposição é Maurício Salvador, cacique que assumiu a retomada Konhun Mág em Canela. Também são curadores Clémentine Marechal, Marcelo Vianna e Guilherme Brandalise.
Local: Memorial do RS (Rua 7 de Setembro, 1020 - Centro Histórico, Porto Alegre)
A exposição contará, também, com uma série de atividades paralelas:
7/4 | Apresentação cultural, seguida de roda de conversa, no Memorial do RS.
19/4 – 18h | Exibição do documentário “‘Konhun Mág: O caminho da volta à Floresta de Canela’’, no Memorial do RS.
6/5 | Cinema para a comunidade Kaingang, com o documentário ‘’Konhun Mág: O caminho da volta à Floresta de Canela”, na Cinemateca Paulo Amorim.
A definir | Troca de saberes: vivência nas comunidades do Morro do Osso e Lomba do Pinheiro.
- Museu da Comunicação Hipólito José da Costa (MuseCom):
15/4 | Podcast MuseCom Versa
Novo episódio abordando a temática da resistência indígena no Rio Grande do Sul. Serão trazidos trechos de uma gravação com Karai Tiago, da aldeia Ka'aguy Porã, situada em Maquiné, e outros convidados para debater o tema. Episódio ficará disponível em todos os agregadores (Spotify, Google Podcast, Apple Podcast, YouTube e Anchor).
19/4 | 1ª Edição do "Guia de Pesquisa MuseCom - Edição Abril Indígena"
Publicação que indica e relaciona, por meio de recortes temáticos, os periódicos e acervos da instituição que podem colaborar com pesquisas que abordam determinados assuntos de interesse dos pesquisadores e pesquisadoras. A edição de abril conta com indicações de algumas presenças da temática indígena nos impressos de nossa hemeroteca.
Local: Site do MuseCom.
23/4 | Lançamento da lista de indicações temáticas do CineClube MuseCom
Publicação de lista de indicação de filmes relevantes para o estudo e a reflexão sobre a temática indígena.
Local: Site do MuseCom.
- Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs):
Entre 18 e 20/4 | Arte e culturas indígenas na exposição “Coleção Sartori – A arte contemporânea habita Antônio Prado”
Conteúdos sobre arte indígena contemporânea e obras de arte que fazem referência a culturas indígenas brasileiras. Ação desenvolvida a partir de trabalhos artísticos presentes na exposição “Coleção Sartori – A arte contemporânea habita Antônio Prado”, que ressalta a importância das culturas guarani, charrua e outras para a arte brasileira contemporânea. Essa valorização é evidenciada pela curadoria de Paulo Herkenhoff, que chama atenção para um núcleo composto tanto por obras de artistas indígenas quanto por trabalhos que fazem referência a culturas indígenas brasileiras.
Local: Instagram do Margs.
- Cinemateca Paulo Amorim
A Cinemateca Paulo Amorim se integra à programação do “Repensando 19 de Abril” com a exibição de seis títulos que refletem sobre o cotidiano dos povos indígenas que vivem no sul do Brasil, principalmente em território gaúcho. As sessões serão nos dias 19 e 20/04, incluindo dois encontros com diretores.
Os filmes, assinados por realizadores indígenas e não indígenas do RS, falam de hábitos culturais, da memória desses povos, da sabedoria dos mais antigos e das dificuldades que enfrentam na preservação das suas terras. A programação tem entrada franca e retoma as atividades da Sala Norberto Lubisco, na Casa de Cultura Mario Quintana.
Programação do dia 19 de abril
Horário: 16h
Ka' Aguy Porã (2019, 18min). Direção de Pedro Valadão e Marina Tabajara Brilmann
Sinopse: Filmado na aldeia Ka’Aguy Porã, o documentário destaca a cultura Mbya-Guarani e a sua retomada de terras no município de Maquiné, no sul do Brasil, abordando tanto a música, dança e os hábitos guaranis, quanto sua luta por sobrevivência e permanência em suas terras ancestrais.
Sabedoria Kaingang (2020, 26min). Direção de Karine Emerich e Rogério Rosa.
Sinopse: As interações, a amizade e os conflitos de dois velhos índios kaingang no sul do Brasil. Por meio dos encontros destes nonagenários em Porto Alegre, São Leopoldo e Nonoai, o filme registra a memória, os rituais de cura e a luta política desse povo ligado à floresta.
Horário: 17h15
Guatá (2022, 56min). Direção de Jorge Morinico, Epifanio Chamorro, João Mauricio Farias.
Sinopse: Jorge e Epifanio, professores e diretores de origem Mbya-Guarani, buscam se encontrar para investigar juntos a importância que o guatá (caminhar) tem para os guarani enquanto prática existencial, cosmopolítica e filosofia de vida.
Horário: 19h
Ga Vi: A Voz do Barro (2022, 11min) Direção e roteiro: Ana Letícia Meira Schweig, Angélica Domingos, Cleber kronun de Almeida, Eduardo Santos Schaan, Geórgia de Macedo Garcia, Gilda Wankyly Kuita, Iracema Gãh Té Nascimento, Kassiane Schwingel, Marcus A. S. Wittmann, Nyg Kuita, Vini Albernaz.
Sinopse: Animação criada por meio das memórias narradas por Gilda Wankyly Kuita e Iracema Gãh Té Nascimento, com imagens e sons captados durante o encontro de mulheres "Ga v?: a voz do barro, conversando com a terra", 2021.
* Após a sessão haverá debate com Iracema Gãh Té Nascimento.
Programação do dia 20 de abril
Horário: 17h
Teko Haxy – Ser Imperfeita (2018, 40min). Direção de Patrícia Ferreira Pará Yxapy e Sophia Pinheiro.
Sinopse: O documentário experimental é a relação de duas artistas, uma cineasta indígena e uma artista visual e antropóloga não indígena. Diante da consciência da imperfeição do ser, entram em conflitos e se criam material e espiritualmente. Nesse processo, se descobrem iguais e diferentes na justeza de suas imagens.
Horário: 19h
Tekoá Rangaa (2021, 27min). Direção de Cristina Ribas, Lucas Icó e João Maurício Farias
Sinopse: O vídeo acompanha uma família Mbyá Guarani, que narra sua história de retomada de terras há mais de 20 anos. A conversa trata das dificuldades impostas pelos não indígenas, da relação com o plantio e o meio circundante, a vida humana e mais que humana e a defesa dos ecossistemas.
* Após a sessão haverá debate com os diretores.