Sedac realiza Bate-Papo Trans RS
Promovida no Mês da Visibilidade Trans, atividade foi dirigida ao público interno da secretaria
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A Secretaria de Estado da Cultura (Sedac) promoveu, nesta segunda-feira (22), o Bate-Papo Trans RS, uma das atividades da pasta relacionadas ao Mês da Visibilidade Trans. Realizado na Sala de Recitais da Ospa e dirigido a servidores, estagiários e terceirizados da Sedac, o evento ofereceu oportunidades de fala a pessoas trans, que abordaram suas histórias de vida, bem como desafios e conquistas dessa parcela da sociedade.
Na abertura da atividade, a secretária de Estado adjunta da Cultura, Gabriella Meindrad, destacou que, pelo quinto ano consecutivo, a Sedac está realizando uma programação especial no Mês da Visibilidade Trans. “Nosso objetivo é combater estigmas e preconceitos. Muitas vezes, as pessoas nos discriminam sem nem nos conhecerem. No governo do Estado, estamos trabalhando para que iniciativas como a de hoje façam cada vez mais parte do cotidiano, em busca de um mundo com mais respeito”, disse. Gabriella salientou que o evento é fruto de um trabalho transversal entre a Sedac e a Secretaria de Estado de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (SJCDH).
A mediadora do encontro foi a diretora adjunta do Departamento de Diversidade Sexual da SJCDH, Gloria Crystal. Ela conduziu o bate-papo, instigou os participantes e a plateia a contribuírem com o debate e, também, relatou histórias pessoais: “é emocionante estar aqui hoje. Eu venho de uma época em que éramos completamente invisibilizadas. Era difícil até mesmo andar na rua. Hoje em dia, embora frequentemente a gente sinta o preconceito no olhar, é muito bom quando há acolhimento. A nossa existência precisa ser naturalizada pela sociedade. Essa é uma pauta humanitária, que necessita da união de todos”.
Uma das convidadas do evento foi a Miss Universe Trans 2023-2024, Luanna Isabelly, que contou sua trajetória de obstáculos e de vitórias. “O nosso processo de aceitação costuma ser muito lento e sofrido, e a sociedade precisa entender que não se trata de uma escolha. Mesmo sem nunca ter sonhado em ser miss, busquei esse caminho porque existem poucas oportunidades de visibilidade positiva para pessoas trans. Na disputa do Miss Universe, divulguei o Brasil não apenas com a beleza, mas principalmente falando sobre os dilemas e os avanços do nosso país nessa temática”, afirmou, pontuando que a população trans enfrenta dificuldades de inserção no mercado de trabalho e limitações nos sistemas de saúde e educação e que, somado a isso, as mulheres trans ainda vivenciam problemas como o machismo e a sexualização.
O bate-papo também contou com a participação de dois soldados do Corpo de Bombeiros Militar do RS, Laura Fernanda Dall Asta e Theo Hevia Caravaca. Laura trouxe um relato sobre a sua transição. “No passado, por mais que eu tivesse me encontrado como homossexual, ainda não era feliz. Fiz a transição quando já estava no Corpo de Bombeiros, e no dia em que me vi no espelho do banheiro feminino do quartel, fardada, maquiada e com o nome ‘Laura’ no uniforme, eu me reconheci como mulher. Tive o privilégio de ser muito bem acolhida no meu local de trabalho, mas é fato que o meio militar e a própria sociedade em geral ainda não estão acostumados”. Ela ressaltou, também, os baixos índices de acesso à educação pela comunidade trans e a necessidade de melhor preparo das instituições de ensino para abordar esse tema.
Theo contou que a sua transição se deu antes do ingresso na corporação: “por receio, ingressei no Corpo de Bombeiros com meu nome anterior. Foi muito difícil. Posteriormente, fui chamado para conversar e se criou uma rede de apoio. Estou aqui ajudando a fazer um movimento para que outros movimentos possam acontecer, em prol de uma causa maior”.
Também participou do evento o diretor do Departamento de Diversidade Sexual da SJCDH, Daniel Morethson.
Saiba mais
O Bate-Papo Trans RS é uma das ações que a Sedac vem fazendo de forma contínua para levar informações sobre pautas relevantes para o público interno da secretaria. Nesse sentido, já foram feitas várias capacitações sobre a importância de temas relacionados a meses comemorativos, como o Novembro Negro, a população LGBTQIA+, o etarismo e o capacitismo.
Para a assessora técnica de Diversidade e Inclusão da Sedac, Rochele Lino, “enquanto secretaria de Estado, buscamos proporcionar visibilidade às identidades trans. A secretaria não apenas contribui para a quebra de estigmas e preconceitos, mas também oferece um espaço para que as narrativas trans sejam ouvidas e apreciadas. Ao compartilhar histórias de vida, desafios e sucessos, a comunidade trans leva informações para o público, desmistificando mitos e estereótipos prejudiciais. Essa abordagem não apenas enriquece a expressão cultural, mas também fortalece a conexão entre a comunidade trans e a sociedade em geral”.
Neste ano, o tema escolhido para o Mês é “Visibilidade e Dignidade Trans”. A iniciativa busca combater a discriminação e aumentar a conscientização sobre os desafios enfrentados pela comunidade trans, promovendo a inclusão, a educação e o respeito às pessoas transgênero.