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CCMQ inaugura a exposição "Arpilleras: Bordando a Resistência"

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Arpillera confeccionada pelo Coletivo de Mulheres atingidas pelos Projetos de PCHs na região oeste da Bahia - Foto: Ianna Falcão
Por Luísa Kiefer | Ascom CCMQ Edição: Silvia Martins | Ascom Sedac

A Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ), instituição da Secretaria de Estado da Cultura (Sedac), em parceria com o Centro de Desenvolvimento da Expressão (CDE), também instituição da Sedac, inaugura no dia 23 de março, quinta-feira, às 17h, a exposição "Arpilleras: Bordando a Resistência", no Espaço Evelyn Ioschpe. A exposição fica em cartaz na CCMQ até o dia 9 de abril.   

A mostra apresenta bordados confeccionados com a técnica conhecida como arpillera, que retrata temas sociais por meio de costuras feitas com retalhos. O método nasceu no Chile a partir do trabalho de mulheres que criaram composições com pedaços de tecidos de roupas de parentes desaparecidos durante o período da ditadura militar de Pinochet.  

A exposição traz ao público cerca de 15 telas de arpilleras feitas por brasileiras que integram o coletivo de mulheres do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) – uma organização que luta pelos direitos dos moradores de áreas afetadas por represas. As peças abordam tanto as fatalidades ocorridas em Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais, como também questões ligadas a projetos de barragens em Garabi e Panambi, cidades do Rio Grande do Sul localizadas na fronteira com a Argentina, e trabalhos desenvolvidos por integrantes do grupo do MAB em Porto Alegre.  

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Arpillera confeccionada por mulheres do município de Alecrim/RS - Foto: Mariana Zabot

“Aqui na capital, a gente trabalhou para fazer as arpilleras com as mulheres que estão organizadas no MAB na Lomba do Pinheiro. Foram dois grupos, um com o tema da falta de água na periferia e outro com o tema do feminicídio da Débora Moraes, que era uma companheira de luta. São mulheres que batalham pela indenização e pelo reassentamento das pessoas afetadas pela barragem da Lomba do Sabão, localizada no Parque Saint Hilaire. Reunimos cerca de 30 integrantes, em fevereiro, para fazer essas duas peças”, conta Alexiana Rossatto, integrante da coordenação nacional e local do MAB.  

Há uma década o movimento utiliza a técnica para dar voz à vida das mulheres e aos problemas relacionados à vida dos grupos que vivem nas proximidades dessas áreas. As causas retratadas são variadas, tais como o impacto e os perigos que as barragens trazem às pessoas que vivem no seu entorno, a contaminação e a falta de acesso à água potável, a violação dos direitos das mulheres, entre outras. O processo de criação das peças é coletivo e sua força reside nisso. O encontro para costurar é um momento de troca, diálogo e debate. A partir de uma discussão inicial, é escolhido o tema que ganhará voz através da arpillera. 

“As mulheres debatem quais elementos serão postos, que melhor representam e ilustram o tema escolhido. É um processo demorado e muitas vezes o mais interessante não é o resultado final. Claro que a peça pronta é muito significativa porque ela alcança um conjunto da sociedade que não conseguimos dialogar de outras maneiras. Mas, para mim, o que é muito relevante e que mais reflete a luta do MAB é o processo de construção. Esse espaço de diálogo entre as mulheres”, complementa Rossatto 

As arpilleras brasileiras já foram expostas em diferentes cidades e estados do país, além de terem integrado exposições no exterior, em países como Alemanha e Chile. Esta é a segunda exposição delas em Porto Alegre. A primeira ocorreu esse ano, na Assembleia Legislativa, como parte das ações que marcaram o Dia Internacional das Mulheres. 

Serviço 

Arpilleras: Bordando a resistência 

Abertura da exposição: 23 de março, quinta-feira, 17h 

Local: Casa de Cultura Mario Quintana, Espaço Evelyn Ioschpe (Rua dos Andradas, 736, Centro Histórico, Porto Alegre)  

Visitação: de terça a domingo, das 10h às 20h 

 

 

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