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Margs promove visitas dialogadas em parceria com Fundação Iberê

Atividades gratuitas ocorrem no sábado (17/8), dentro da programação do Dia Estadual do Patrimônio Cultural

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Um homem observa um quadro em uma exposição. Ao seu lado, há um homem e uma mulher, ambos com um uniforme no qual está escrita a palavra "Educativo"
Serão visitadas três exposições, com condução de Eduardo Haesbaert, Francisco Dalcol e Gustavo Possamai - Foto: Marcelo Curia
Por Ascom Margs | Edição: Douglas Carvalho / Ascom Sedac

Duas visitas dialogadas e gratuitas às exposições “Iberê Camargo: Eclipses”, “Carmela Gross – Boca do Inferno” e “Iberê e o Margs: trajetórias e encontros” ocorrem no próximo sábado (17/8). A iniciativa integra a programação do Dia Estadual do Patrimônio Cultural e dá continuidade à parceria entre o Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs), instituição da Secretaria de Estado da Cultura (Sedac), e a Fundação Iberê. Serão disponibilizados ônibus para transportar os participantes entre o Margs e a Fundação Iberê, onde as mostras estão em cartaz. É necessário inscrever-se preenchendo este formulário

Serão dois horários de visitas. O primeiro grupo sairá do Margs, na Praça da Alfândega, às 14h, partindo de volta da Fundação Iberê, na avenida Padre Cacique, às 15h30. Já o segundo tem saída agendada para as 16h e iniciará o retorno às 17h30.

O roteiro pela Fundação Iberê seguirá trajeto sugerido pelo arquiteto do local, Álvaro Siza, iniciando pelo 4º e 3º andares, com as exposições “Iberê Camargo: Eclipses” e “Carmela Gross – Boca do Inferno”. Conduzirá a visita o coordenador do Ateliê de Gravura da Fundação Iberê e antigo assistente de Iberê Camargo, Eduardo Haesbaert.

Na sequência, no 2º piso, a exposição “Iberê e o Margs: trajetórias e encontros” será visitada com mediação do diretor-curador do Margs, Francisco Dalcol, e do responsável pelo Acervo da Fundação Iberê, Gustavo Possamai. Serão abordados aspectos curatoriais e pesquisas históricas desenvolvidas em conjunto entre as equipes do Margs e da Fundação Iberê, resultando na extensa cronologia para a exposição e seu catálogo.

A atividade será concluída no átrio da Fundação, com os participantes conferindo a abertura do Festival Internacional de Fotografia de Porto Alegre (FestFoto), que ocorrerá no local, neste mesmo dia.

Repetindo ação do ano passado, a Sedac distribuirá passaportes aos participantes das atividades vinculadas ao Dia Estadual do Patrimônio Cultural. Cada visita em alguma instituição integrante da programação garantirá um carimbo. Assim, os inscritos nas visitas dialogadas receberão seu passaporte, no qual será registrada sua participação na atividade e terão direito a brindes.

O Margs segue temporariamente fechado ao público, ainda sem previsão de reabertura para visitação, em razão de trabalhos internos de reforma e restabelecimento da estrutura funcional e operacional do prédio. A Fundação Iberê está homenageando os 70 anos do Museu, apresentando a exposição “Iberê e o Margs: trajetórias e encontros”.

Todas as ações de recuperação do Margs estão sendo iniciadas com patrocínio de R$ 5,6 milhões do Banrisul, junto com recursos do orçamento da Sedac, doações recebidas pelo Museu e iniciativas da Associação de Amigos – Aamargs. Os trabalhos envolvem diversas equipes e colaboradores, assim como parceiros e doadores. O Margs também busca patrocinadores pela Lei de Incentivo à Cultura Federal (Lei Rouanet).

Sobre as exposições

Iberê Camargo: Eclipses

Em diálogo com a exposição “Paulo Pasta: Para que serve uma pintura?”, que esteve em cartaz na Fundação Iberê até 28 de julho, o artista Paulo Pasta selecionou 19 obras de Iberê Camargo, algumas de grandes dimensões, em que o curador percebe cores crepusculares na produção do pintor. 

Nas palavras do artista: “também penso as cores de Iberê como sendo crepusculares. Elas nos remeteriam a uma escuridão primordial, mesmo porque, na sua prática, o pintor anoitecia as cores, criando uma espécie de blackout. Só assim, talvez, ele poderia terminar uma pintura e se reconhecer nela. Possivelmente, a melhor metáfora, para mim, sobre as cores de Iberê, seja a do eclipse. Para além do aspecto noturno de seus trabalhos, a luz construída por ele parece não iluminar, não aquecer, mais ou menos como a sugestão de um sol que foi fechado. A palavra eclipse vem do grego, que significa despedida, abandono. A experiência com as cores de Iberê, para mim, obedeceria a esse mesmo conteúdo poético. Nelas, no seu sentido de não cor, somos desertados da luz solar, apesar de toda a intensidade reinante”.

Pasta conheceu Iberê no início da década de 1990, em um workshop com artistas consagrados, no Centro Cultural São Paulo. A partir daí, começaram a trocar cartas e telefonemas. Para Pasta, aquele encontro foi a confirmação de sua vocação, a prova da existência da pintura e do pintor.

Carmella Gross – Boca do Inferno

Entre 2017 e 2018, a artista Carmela Gross colecionou diversas fotos de vulcões publicadas em jornais e livros. A partir dessas imagens, ela desenvolveu a visualidade de cada uma, utilizando operações digitais para ampliar, recortar e simplificar suas formas em manchas compactas em preto e branco. Isso serviu de base para um exercício diário de reprodução dessa visualidade, por meio de desenhos a nanquim e lápis sobre papel. Com esses esboços em mãos, em 2019, Carmela escolheu o Ateliê de Gravura da Fundação Iberê para uma imersão nos processos gráficos da monotipia, com a colaboração do artista e impressor Eduardo Haesbaert.

Esse conjunto de monotipias, reunidas sob o título “Boca do Inferno”, foi exposto na 34ª Bienal Internacional de São Paulo, no segundo semestre de 2021. Agora, Carmela Gross apresenta integralmente as monotipias em sua primeira exposição individual na Fundação Iberê. A obra evoca o desabafo e a crítica social feroz do poeta baiano Gregório de Matos, conhecido como “Boca do Inferno”, no século XVII. A exposição representa o produto de um processo poético de apreensão e elaboração, remetendo às ideias de vulcão, explosão e impacto, gerando uma verdadeira erupção visual.

Iberê e o Margs: trajetórias e encontros

Essa exposição, com curadoria de Francisco Dalcol e Gustavo Possamai, foi concebida por ocasião dos 70 anos do Margs, fundado em 27 de julho de 1954. Ela aborda a longeva relação entre Iberê Camargo (1914-1994) e o Museu, destacando também a parceria entre ambas as instituições.

Iberê participou da exposição de estreia do Margs, em 1955, ocasião em que teve obras suas adquiridas para o acervo do Museu. Nas décadas seguintes, ele ganharia mostras individuais e um livro monográfico, participaria de inúmeras exposições coletivas e ministraria cursos. Teria também o ingresso de outras obras suas no acervo por meio de compra, transferência e doação, além de um espaço de guarda de parte de seu arquivo pessoal, o qual destinou à instituição em 1984. Foi também no Margs que ocorreu sua despedida, com o velório público, que ocorreu nas Pinacotecas, o espaço mais nobre e solene do Museu.

Vem desse longevo e profundo histórico de relação o título dessa exposição, inspirado em um dos mais importantes eventos no Margs relacionados ao artista: a mostra “Iberê Camargo: trajetória e encontros”. Realizada em cooperação com a Funarte em 1985, cumpriria itinerância pelo Museu de Arte de São Paulo (Masp), Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e Galeria do Teatro Nacional de Brasília, celebrando Iberê como o maior pintor vivo do Brasil. Ela se deu no lastro das comemorações dos 70 anos do artista, que incluíram uma retrospectiva apresentada pelo próprio Margs em 1984 e o lançamento do livro “Iberê Camargo” em 1985, considerado, ainda hoje, uma das mais completas publicações de referência sobre o artista.

Entre a preparação dessa exposição e sua abertura, o Rio Grande do Sul vivenciou a maior crise climática de sua história. O desastre devastou grande parte do Estado e, em Porto Alegre, atingiu o andar térreo do Margs.

“Iberê e o Margs: trajetórias e encontros” é composta por seis pinturas e um guache, recentemente incorporado ao acervo. Essas obras são apresentadas em diálogo com outras pertencentes à Fundação Iberê – a maioria delas exibidas pela primeira vez –, junto com fotografias do artista, de modo a oferecer um percurso em segmentos, identificados conforme os textos que as acompanham.

Além de trazer novos sentidos a essa exposição, o trágico contexto do Rio Grande do Sul ressoa no posicionamento público de Iberê, ligado à urgência de uma consciência ecológica. É pelo olhar dele que, por meio dessa exposição, o Margs e a Fundação Iberê renovam o apelo por um compromisso definitivo com a preservação da arte e do meio ambiente.


Serviço

Margs e Fundação Iberê realizam visitas dialogadas 

Programação do Dia Estadual do Patrimônio Cultural

Quando: sábado (17/8). Saídas às 14h e 16h

Onde: Margs (Praça da Alfândega, s/ n°, Centro Histórico, Porto Alegre) e Fundação Iberê (av. Padre Cacique, 2000, Cristal, Porto Alegre)

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