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Sedac entrega restauração da cobertura da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, em Pelotas

Obra contou com mais de R$ 1 milhão, por meio de financiamento da Lei de Incentivo à Cultura

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Fachada da igreja
A ação restabelece a segurança e a estabilidade da estrutura do templo e restaura o seu sistema construtivo original - Foto: Rafael Varela/Sedac
Por Douglas Carvalho / Ascom Sedac

A restauração da cobertura da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, em Pelotas, foi entregue nesta sexta-feira (22/11). Com investimento de R$ 1.076.813,00, as obras foram financiadas pelo Pró-Cultura RS – Lei de Incentivo à Cultura (LIC) e contou com apoio do Ministério Público do Estado (MPE). A ação restabelece a segurança e a estabilidade da estrutura do templo, também conhecido como Igreja do Porto, e restaura o seu sistema construtivo original.

Oito pessoas em pé, no interior da igreja
A secretária da Cultura, Beatriz Araujo (1ª à dir.), representou o governador Eduardo Leite na cerimônia - Foto: Rafael Varela/Sedac
Representando o governador Eduardo Leite, a secretária da Cultura, Beatriz Araujo, ressaltou na ocasião que “após o tombamento da igreja pelo Iphae, no ano passado, temos agora a honra de entregar à comunidade pelotense o restauro da cobertura dessa relevante edificação, profundamente vinculada à história da cidade, reiterando assim a missão do governo do Estado de promover a preservação do patrimônio cultural, histórico e arquitetônico do Rio Grande do Sul”. Desde 2019, a Sedac investiu R$ 25,4 milhões na cultura do município de Pelotas, entre LIC, Fundo de Apoio à Cultura (FAC) e recursos de coinvestimento.

Imagem da parte interna da igreja
A obra foi executada pela Perene Patrimônio Histórico e Restaurações - Foto: Rafael Varela/Sedac
Executada pela Perene Patrimônio Histórico e Restaurações, a obra foi financiada por meio de abatimento de ICMS das empresas Produtos Alimentícios Orlândia, Decorreias Produtos de Borracha, Polisul Indústria e Comércio de Alimentos, Ferragem Lorenzet e CMPC Celulose Riograndense. Também estiveram presentes à solenidade a prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas, a proponente do projeto e diretora da Perene, Simone Neutzling, o promotor de Justiça José Alexandre da Silva Zachia Alan (representando o MPE), o arcebispo metropolitano de Pelotas, Dom Jacinto Bergmann, e o padre Hamilton Coelho. 

Preservação do patrimônio histórico

Desde a sua inauguração, a igreja passou por diversas obras. Uma delas, realizada entre os anos de 2012 e 2013, substituiu a estrutura original de madeira do telhado e a cobertura em telha cerâmica francesa por estrutura e telhas metálicas – o que abalou a estrutura do prédio, afetando visivelmente a emenda entre os dois volumes, construídos em momentos distintos. Além disso, diversas rachaduras surgiram em vários pontos do prédio, fragilizando ainda mais a edificação.

O projeto de restauração da igreja foi elaborado em 2014, pela arquiteta e urbanista Simone Neutzling. Em 2020, foi necessária a realização de um plano de salvamento emergencial, em que se executou a intervenção de escoramento estrutural e o salvamento dos elementos decorativos (vitrais, paravento em madeira, rodapés de mármore e pisos), visando preservar o imóvel e impedir o seu desabamento. Também pela LIC, foi aprovada recentemente a restauração do forro de madeira da Igreja Sagrado Coração de Jesus, com investimento autorizado de R$ 1.377.898,18.

Igreja do Porto

Erguido nos primeiros anos do século XX, o templo católico foi inaugurado em 7 de setembro de 1916 e desempenhou um papel importante na história de Pelotas, tendo sido a primeira igreja construída na região do porto desativado sobre o canal São Gonçalo. Ao longo dos anos, testemunhou diversas transformações da cidade e continua sendo um importante marco religioso da comunidade local. 

A igreja foi estabelecida em 1912 pelo bispo D. Francisco de Campos Barreto, abrangendo originalmente a região portuária e estendendo-se até o arroio Pelotas e a Vila da Graça. Teve como primeiro vigário o padre espanhol Manoel Guinot Bernat. Inicialmente, a sede da paróquia foi uma casa localizada na rua Três de Maio, 213, que serviu como matriz até o dia 21 de setembro de 1913, quando foi inaugurada e abençoada a nova matriz, construída em madeira, servindo provisoriamente para atos religiosos.

A construção da matriz definitiva da Igreja do Sagrado Coração de Jesus iniciou-se em agosto de 1915, após a colocação e a bênção da pedra fundamental no terreno doado por Evaristo Alves Ribas e sua esposa, localizado no cruzamento das ruas Gomes Carneiro e Aquidaban (atual Cel. Alberto Rosa). O projeto original, desenvolvido pelo arquiteto paulista Frederico Pedro Sonnesen, incluía uma fachada com uma torre elevada à esquerda, uma torre de altura menor à direita e uma torre central, também menor, marcando a entrada. No entanto, a fachada passou por alterações antes de ser aprovada. 

A obra ocorreu em etapas, tendo sido executada primeiramente a porção posterior do edifício, que compreendia a capela-mor e as sacristias e que foi inaugurada em 7 de setembro de 1916. Na sequência, construiu-se a parte da frente do templo, inaugurada em 1918. Durante as obras, a responsabilidade pela igreja foi assumida, a partir de 1918, pelo construtor Hércules Gardelli. A reconstrução da torre ocorreu entre 1949 e 1950, com os construtores Jorge Antônio Abrahão e José Antônio Abrahão, sob a direção do arquiteto Julio Delanoy. 

Por sua importância histórica, arquitetônica, estética, paisagística e simbólica para a cidade, a igreja foi oficializada como bem integrante do Inventário do Patrimônio Cultural de Pelotas, por meio do decreto municipal nº 4490, de 27 de fevereiro de 2003. Passados 16 anos, o templo foi reconhecido pelo tombamento municipal pela lei nº 6774, de 30 de dezembro de 2019. Essa decisão permitiu maior proteção da construção e de sua história no contexto urbano em que está inserida.

A proposta de tombamento estadual – encaminhada pela Paróquia Sagrado Coração de Jesus, vinculada à Mitra Diocesana de Pelotas – fundamentou-se na importância histórica, cultural e social da preservação desse patrimônio. Em 2 de fevereiro de 2023, ocorreu a solenidade de tombamento da igreja, por meio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae). O prédio agora é parte da lista de bens com reconhecido valor cultural para o Rio Grande do Sul, por meio da Portaria Sedac 03/2023, de 3 de fevereiro de 2023. 

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