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'Obs.cenas' tem apresentação única na Biblioteca Pública do Estado

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Espetáculo com Arlete Cunha e Marco Fronchetti 
incursiona no universo de Hilda Hilst
Espetáculo com Arlete Cunha e Marco Fronchetti incursiona no universo de Hilda Hilst - Foto: Uriel Battisti

"Obs.cenas - uma Aventura Teatral no Universo da Obscenidade" aborda a obra de Hilda Hilst (1930-2004) sob o prisma da obscenidade, com Arlete Cunha e Marco Fronchetti, que para se aprofundarem no assunto fizeram uma residência artística na Casa do Sol, em Campinas, onde a escritora se refugiou de 1963 até seus últimos dias. O espetáculo terá apresentação única dia 26 de abril (quinta), a partir das 19h30min, na Biblioteca Pública do Estado/BPE-RS (Riachuelo, 1190). O evento, para adultos, marca o aniversário da autora, que completaria 88 anos no último dia 21 de abril e tem contribuição espontânea.

Trabalhando pela primeira vez juntos em cena, os atores usam textos que evidenciam a preocupação de Hilda Hilst com a comoção humana, a percepção de que os limites do homem se esboroam diante da velhice, o esquecimento e a solidão, fazendo sempre uma reflexão sobre o ato de escrever como possibilidade de jogar com os limites da linguagem. Propondo-se como uma aventura nesse universo, em constante mudança e aprofundamento, o trabalho foi apresentado em sua primeira versão, nos ensaios abertos que aconteceram em março, na Sala Qorpo Santo da UFRGS. A sequência do projeto prevê sua apresentação em espaços não convencionalmente teatrais, mas ligados de alguma forma à preservação e divulgação da literatura e de todas as artes, como forma de resistência.

Inspiração 
Aos 60 anos de idade, com mais de 20 livros publicados de poesia, ficção e teatro, considerada pelo crítico Leo Gilson Ribeiro “o maior escritor vivo em língua portuguesa”, Hilda Hilst decidiu publicar suas estórias pornográficas, como forma de ampliar seu público, pois consideravam sua obra hermética, e de alcançar reconhecimento para o seu trabalho. Mas ela não apenas transgride o texto erótico, na sua recusa em reproduzir qualquer convenção corrente, como perverte as leis literárias da pornografia, criando uma prosa em que todos os gêneros se degeneram, num contato inesperado entre opostos, associando o exercício do conhecimento à atividade sexual.

Entre 1990 e 1992, Hilda Hilst publicou os três livros em prosa e o de poemas que compõem a sua “Tetralogia Obscena”: "O Caderno Rosa de Lori Lamby", "Contos d’Escárnio/Textos Grotescos", "Cartas de um Sedutor" e "Bufólicas". Mas  o tema do erótico e da obscenidade é bem anterior na sua produção, pensado sempre como o orgânico, as pulsões do desejo, o corpo, a carne, as dores e os prazeres.

Ficha Técnica
Textos: Hilda Hilst
Criação e atuação: Arlete Cunha e Marco Fronchetti
Figurinos: Rosangela Cortinhas

Hilda Hilst

Natural de Jaú, nasceu no 21 de abril de 1930 e morreu em  Campinas, em 4 de fevereiro de 2004. Foi uma ficcionista, cronista, dramaturga e poeta brasileira, considerada pela crítica especializada como uma das maiores escritoras em língua portuguesa do século XX. Iniciou sua produção literária em São Paulo, com o livro de poemas "Presságio" (1950). Em 1965, mudou-se para Campinas e iniciou a construção da Casa do Sol, para ser um porto seguro de sua criação. Foi lá que dedicou-se exclusivamente à literatura, realizando mais de 80% de sua obra. Em 1967 estreiou na dramaturgia e em 1970, na ficção, com "Fluxo Floema".

Dona de uma linguagem inovadora e abrangente, Hilda produziu mais de 40 títulos, entre poesia, teatro e ficção, e escreveu por quase 50 anos, recebendo importantes prêmios literários do Brasil. Criadora de textos em que atemporalidade, realidade e imaginário se fundem e os personagens mergulham no intenso questionamento dos significados, buscando compreensão e encontro do essencial, retratou sem cessar a frágil e surpreendente condição humana.

Muitos de seus livros tiveram as edições originais esgotadas. A partir dos anos 2000, a Globo Livros reeditou sua obra completa, e em 2016 os direitos de publicação passaram para a Cia. das Letras. Ganhou traduções na Itália, França, Portugal, Alemanha, Estados Unidos, Canadá, Argentina. O acervo pessoal deixado pela escritora se divide, atualmente, entre a Sala de Memória Casa do Sol — onde há, inclusive, produções inéditas — e o Centro de Documentação Cultural Alexandre Eulálio da Universidade Estadual de Campinas (Cedae-Unicamp). FONTE: www.hildahilst.com.br.

 

A Feira Literária de Paraty (FLIP), em sua 16ª edição, que ocorrerá em de 25 a 29 de julho, homenageia a escritora que fez sua literatura em torno de temas como o amor, a morte, Deus, a finitude e a transcendência. "A escolha de Hilda Hilst como Autora Homenageada da Flip 2018 se deu pelo fato de sua obra extrapolar fronteiras. Assim como os outros poetas brasileiros, leu Drummond, Bandeira e Cabral, mas leu também Fernando Pessoa, o francês Saint-John Perse e o alemão Rainer Maria Rilke. O resultado é uma literatura inovadora do ponto de vista da linguagem que exerce, por exemplo, forte influência na cena da dramaturgia brasileira de hoje”, afirma o diretor geral da Flip, o arquiteto Mauro Munhoz.  

 

Frases de HH
“Eu não vou escrever mais nada, a não ser grandes e, espero,   adoráveis bandalheiras.”

“Todos os meus personagens têm o hábito de pensar. Mesmo quando decidi escrever literatura pornográfica, meus personagens viviam com a cabeça cheia de pensamentos. Eles pensam sem parar. Até no meio do sexo, decidem sempre fazer perguntas supercomplicadas.”

“Ninguém chegou a uma conclusão sobre o que é pornografia. Me pergunto se seria o ultraje ao espírito do homem, seria uma coisa assim? Talvez o obsceno profundo, que seria um enfoque completamente diferente, seja aquele em que a lucidez do personagem é tão grande que a coisa fica obscena.”

 

 

Serviço: 
Dia: 26 de abril de 2018 (quinta-feira)
Hora: 19h30min
Local: Biblioteca Pública do Estado/BPE-RS (Riachuelo, 1190), Porto Alegre
Contatos: marcofronchetti@yahoo.com.br/arletecunha@gmail.com
Contribuição espontânea
Observação: atração para adultos

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