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MACRS e CCMQ apresentam a obra “Resistência”, do artista Paulo Corrêa

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A produção artística de Paulo Corrêa é voltada para questões que evocam a resistência da ancestralidade afro-brasileira - Foto: Aline Costa
Por Ascom | MACRS Edição: Silvia Martins | Ascom Sedac

O Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MACRS) e a Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ), instituições vinculadas à Secretaria de Estado da Cultura (Sedac), inauguram mais uma ação do Programa Acervo em Foco do MACRS. A instalação da obra "Resistência", do artista Paulo Corrêa, acontecerá no dia 02 de dezembro, às 14h, no Espaço Marilene Bertoncheli, no andar térreo da CCMQ. 

A obra "Resistência", de Paulo Corrêa, é a quarta a ser exposta no programa Acervo em Foco do Museu de Arte Contemporânea do RS (MACRS), em parceria com a Casa de Cultura Mario Quintana. O objetivo do projeto é democratizar o acesso ao patrimônio artístico do MACRS, destacando os artistas e suas produções que fazem parte do Acervo do Museu e da história da arte do Rio Grande do Sul. 

O programa é construído de forma horizontal e participativa pelos setores do Museu, seguindo uma política institucional que valoriza a produção intelectual de seus agentes. Ele é orientado por três eixos: Aquisição, Difusão & Pesquisa e Educação & Acessibilidade. Através desses pilares, o MACRS reafirma seu compromisso social, buscando promover, pesquisar e incentivar o pensamento e a produção contemporânea em artes visuais, preservando e protegendo seu acervo como um patrimônio relevante para a pesquisa e para os processos acessíveis de aprendizado em arte e cultura. 

A produção artística de Paulo Corrêa aborda questões relacionadas à resistência da ancestralidade afro-brasileira. A obra "Resistência" foi produzida a convite do Museu de Arte Contemporânea do RS para uma das edículas do Palácio Piratini, e foi exposta durante as comemorações dos 100 anos da edificação e dos 30 anos do MACRS, em 2022. Segundo o artista e curador André Venzon, Paulo "tatua na pele" da pintura do seu único antebraço as esfinges de dez personalidades afrogaúchas do último século. Com isso, ele não apenas presta homenagem a essas presenças que até então eram relegadas na decoração neoclássica da arquitetura oficial, mas também torna acessível ao público a alma e a história desses criadores e heróis, incorporando seus anseios e valores na contemporaneidade. 

As personalidades negras representadas na obra são o príncipe Custódio, o marinheiro João Cândido, o cantor e compositor Lupicínio Rodrigues, a mestra griô Sirley Amaro, a primeira mulher negra vereadora de Porto Alegre, Nega Diaba, o percussionista Boto, a pedagoga e escritora Maria Helena Vargas da Silveira, o poeta e escritor Oliveira Silveira, o músico César Passarinho e a atriz Dandara Rangel. 

O programa Acervo em Foco já apresentou as obras "Tetas que deram de mamar ao mundo" (2019), da artista Lídia Lisbôa, em março de 2023, "Anaconda" (2013), do artista venezuelano Carlos Zerpa, ainda em exibição no Espaço Vasco Prado, no 6º andar da CCMQ, e "Primal", de Dione Veiga Vieira, exibida de agosto a novembro deste ano. 

Texto de André Venzon sobre a obra “Resistência”, de Paulo Corrêa

O punho cerrado, símbolo da luta antirracista, expressa as condições simbólicas de uma ideia profunda sobre a unidade, a força e o orgulho do povo negro, do qual Paulo Corrêa é um legítimo artivista desde o início do seu caminho nas artes, que se dá na década de 1980, em Pelotas/RS, uma cidade reconhecida pela potência da população negra na sua raiz cultural. Na obra “Resistência”, produzida a convite do Museu de Arte Contemporânea do RS para uma das edículas do Palácio Piratini, exposta durante as comemorações dos 100 anos daquela edificação e dos 30 anos do MACRS, em 2022, Paulo “tatua na pele” da pintura do seu único antebraço em riste as esfinges de dez personalidades afro-gaúchas do último século. Ao fazer isso, mais que homenagear essas presenças até então relegadas na decoração neoclássica da arquitetura oficial, inaugura ao acesso público a alma e a história desses criadores e heróis, encarnando os seus anseios e valores na contemporaneidade. Entre as colunas do Palácio Piratini, e agora desta Casa de Cultura Mario Quintana, ergue-se outra e nova estrutura, um pilar permanente feito de verdade e das vidas sublimes que marcam também as mais de cinco décadas de criação do Dia da Consciência Negra. 

O olhar do artista, ao estudar e retratar essas referências, nos guia a um intenso conhecimento de nós mesmos e da sociedade brasileira, nos fazendo testemunhar na figura do seu punho que não se abaixa, pela carne e pelo espírito combativo da sua obra, a fisionomia inabalável que resplandece vitoriosa na fronte do príncipe Custódio, do marinheiro João Cândido, do cantor e compositor Lupicínio Rodrigues, da mestra griô Sirley Amaro, da primeira mulher negra vereadora de Porto Alegre, Nega Diaba, do percussionista Boto, da pedagoga e escritora Maria Helena Vargas da Silveira, do poeta e escritor Oliveira Silveira, do músico César Passarinho e da atriz Dandara Rangel. São essas faces, a soma de suas identidades que dão o caráter de unidade no corpo de um artista que busca o plural no entendimento de sua própria essência. Assim, Paulo afirma em sua obra que a história é feita pela pluralidade de sujeitos e pela força dos gestos que erguemos no mundo.

André Venzon

Artista visual, curador e gestor cultura

Serviço

Programa Acervo em Foco: inauguração da obra “ Resistência”, de Paulo Corrêa

Data da inauguração: 02/12
Horário: 14h
Visitação: de terça-feira a domingo, das 10h às 20h
Local: Espaço Marilene Bertoncheli, andar térreo da CCMQ (Rua dos Andradas, 736 - Centro Histórico, Porto Alegre )

*Entrada gratuita



 

 

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