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Cinemateca Paulo Amorim apresenta a mostra "Licínio Azevedo - Um Gaúcho em Moçambique"

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Comboio de sal e acucar   crédito Licinio Azevedo
Filme Comboio de Sal e Acúcar - Foto: Licínio Azevedo
Por Mônica Kanitz | Ascom Cinemateca Paulo Amorim Edição: Silvia Martins | Ascom Sedac

A Cinemateca Paulo Amorim, instituição da Secretaria de Estado da Cultura (Sedac), apresenta uma grande retrospectiva do jornalista e cineasta gaúcho Licínio Azevedo, que vive em Moçambique desde o final dos anos 1970.

A mostra "Licínio Azevedo - Um Gaúcho em Moçambique" vai reunir 13 títulos realizados nas últimas três décadas, entre documentários e longas de ficção. Os filmes retratam o cotidiano de um país que ainda vive as consequências de uma guerra civil, com reflexos na economia, nas relações pessoais, na cultura e na política. É um cinema que mistura realidade e ficção, o uso de não atores e seus dialetos, e temas sempre recorrentes - uma filmografia que finalmente poderá ser conhecida pelos gaúchos.

A programação de filmes será realizada de 2 a 10 de dezembro, às 19h, na Sala Eduardo Hirtz da Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ), também instituição da Sedac. O cineasta Licínio Azevedo estará em Porto Alegre para acompanhar as sessões e conversar com o público. As sessões têm entrada franca.

A programação faz parte do Festival Cinemateca Paulo Amorim, com patrocínio de Icatu Seguros, Rio Grande Seguros, Gerdau e Vero, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura (LIC). O Festival inclui mostras e programações especiais e prevê o início da modernização das Salas Paulo Amorim e Norberto Lubisco, da Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ).  

Sobre Licínio Azevedo

O cineasta de 71 anos fez o ginásio no Colégio Julio de Castilhos e cursou Jornalismo na PUCRS, de onde saiu para trabalhar na editoria de polícia dos jornais Zero Hora e Folha da Manhã. Depois, se mudou para São Paulo, com passagens por vários veículos da imprensa alternativa.

Sua ligação com Moçambique começou em 1978, quando aceitou o convite do cineasta Ruy Guerra - moçambicano de nascimento – para trabalhar no recém-inaugurado Instituto Nacional de Cinema do país. A partir da sua experiência com grandes reportagens, primeiro Licínio Azevedo começou a escrever roteiros de documentários; depois, vieram os filmes. Em sua trajetória, há parcerias com  realizadores como Jean Rouch e Jean-Luc Godard, Celso Luccas e José Celso Martinez Corrêa, Santiago Alvarez e o próprio Ruy Guerra.

A partir da residência em Maputo, capital de Moçambique, ele fundou a empresa de produção cinematográfica Ébano Multimedia, por meio da qual se tornou o único cineasta vencedor por três vezes do Festival Internacional de Produções Audiovisuais (FIPA), de Biarritz, o mais importante evento europeu de obras para a televisão. Em 1999 ele ganhou o Prêmio Fundac -  Fundo para o Desenvolvimento Artístico e Cultural (Maputo) - pelo conjunto de sua obra cinematográfica e, em 2015, foi homenageado pela Cinemateca Portuguesa com o ciclo “O Espírito do Lugar: Licínio Azevedo, cineasta de Moçambique”.

Programação

02/12 - 19h - O Grande Bazar + Nhinguitimo

03/12 - 19h - Colheita do Diabo + A Ilha dos Espíritos

04/12 - 19h - Marracuene + Hóspedes da Noite

06/12 - 19h - Desobediência

07/12 - 19h - A Árvore dos Antepassados + Acampamento de Desminagem

08/12 - 19h - Comboio de Sal e Açúcar

09/12 - 19h - Virgem Margarida

10/12 - 19h - Night Stop + Mãos de Barro

Sobre os filmes

Marracuene - (1991, Moçambique-Alemanha-Reino Unido, 43 min, documentário). Sinopse: Marracuene é uma vila abandonada pelos seus moradores, símbolo de um país destruído pela guerra. Todas as noites os habitantes fogem da morte refugiando-se na capital ou do outro lado do rio.

A Árvore dos Antepassados (1994, Reino Unido-Moçambique, 48 min; para a série Developing stories / BBC (UK). Sinopse: Durante os 15 anos de guerra em Moçambique, um milhão e meio de moçambicanos procuraram refúgio nos países vizinhos. Um deles foi Alexandre Ferrão, que, em 1984, foi escolhido pelos tios para levar a família para o Malawi. Dez anos depois, com o fim da guerra, Alexandre decidiu que era altura de regressar para se reconciliarem com a árvore dos antepassados. Este filme é a história da viagem de regresso à casa da família.

Night Stop (2002, Moçambique, 48 min; para a série Steps for the future). Sinopse: Elas acordam ao fim da tarde, quando os primeiros caminhões chegam à Vila de Moatize, no norte de Moçambique, próxima à fronteira de vários países da região. Os caminhões param diante do Montes Namuli – Rooms, uma pensão, bar e restaurante onde os condutores passam a noite. Para lá elas convergem, bem vestidas, maquiladas – e vão surpreendendo a todos com suas revelações.

Mãos de Barro (2003, Moçambique, 50 min). Sinopse: A ceramista Reinata Sadimba nasceu em 1945. Dos 20 aos 30 anos participou na guerra pela independência de Moçambique, ao lado do pai e do marido. Artista de renome, já expôs as suas obras em vários países. O filme a segue em uma viagem à sua terra natal, o planalto de Mueda, terra dos Makondes, célebres escultores de ébano.

Acampamento de Desminagem (2005, Moçambique, 60 min). Sinopse: Os sapadores são um grupo muito especial de homens. Alguns combateram em lados opostos, na guerra que assolou Moçambique. Outros eram civis e o trabalho na desminagem foi uma opção ao desemprego, à criminalidade. Em comum, eles vivem longos períodos longe afastados das suas famílias, em tendas coletivas, e arriscam suas vidas todos os dias.

A Ilha dos Espíritos (2009, Moçambique, 63 min). Sinopse: Muito antes de dar nome ao país, a Ilha de Moçambique teve um papel fundamental no Oceano Índico, como ponto de escala para navegantes. Neste filme, os moradores da ilha mostram suas atividades, hábitos e cultura, incluindo uma conhecedora dos seres mágicos que povoam o imaginário coletivo dos ilhéus.

Hóspedes da Noite (2007, Moçambique, 53 min). Sinopse: Em 1953 foi inaugurado em Moçambique, na cidade da Beira, o Grande Hotel. Um estabelecimento de luxo, com 370 quartos. Atualmente serve de residência a 3.500 pessoas que ocupam também a cave, corredores e o terraço. Algumas famílias vivem no Grande Hotel há mais de 20 anos, sem eletricidade e sem água.

Colheita do Diabo (1988, Moçambique-França, 54 min). Sinopse: “O diabo plantou na nossa machamba e não precisa de chuva para fazer a sua colheita”. A seca e a presença maléfica de bandidos ocultos na floresta ameaçam a vida quotidiana de uma aldeia defendida por cinco veteranos da guerra de independência.

O Grande Bazar (2006, Moçambique, 55 min). Sinopse: Num grande mercado africano ocorre o encontro entre dois meninos com vivências diferentes e objetivos opostos. Um deles procura trabalho para readquirir o que lhe foi roubado e poder voltar à casa. O outro faz de tudo, e até mesmo rouba, para não ter que viver com a família. Apesar destas diferenças, eles tornam-se amigos e juntos enfrentam o adversário comum.

Desobediência (2002, Moçambique, 92 min). Sinopse: Rosa, uma camponesa moçambicana, é acusada de ter causado o suicídio do marido. Numa carta descoberta durante as cerimônias fúnebres, e que é lida diante de todos os presentes, o suicida determina que os cinco filhos que teve com Rosa sejam entregues ao seu irmão gêmeo, para não viverem com a mulher que arruinou a sua vida. Para provar a sua inocência, recuperar os filhos e os poucos bens que o casal possuía, Rosa submete-se a dois julgamentos: o primeiro com um curandeiro, o segundo num tribunal.

Virgem Margarida (2012, Moçambique-França-Portugal-Angola, 83 min). Sinopse: Ao fim da guerra de 1975, as prostitutas de todo Moçambique são enviadas para um centro de reeducação, em plena selva, onde ficarão sob a guarda de mulheres militares que têm métodos para transformar as prostitutas em “mulheres novas”. Em meio a elas vai Margarida, uma camponesa adolescente e virgem, enviada para a reeducação por engano.

Comboio de Sal e Açúcar (2016, Portugal-Moçambique-França-África do Sul-Brasil (RS), 88 min). Sinopse: Em plena guerra civil, o comboio que liga Nacala ao Malawi é a única esperança para centenas de moçambicanos garantirem a subsistência das suas famílias. Entre estes estão Mariamu, uma viajante frequente; Rosa, enfermeira que vive a realidade da guerra pela primeira vez; o idealista tenente Taiar; o brutal alferes Salomão; e o comandante Sete Maneiras, dotado de poderes mágicos.

Nhinguitimo (2021, Moçambique, 23 min). Sinopse: Sul de Moçambique, 1960. Nas noites quentes, na pequena vila do vale fértil do Rio Incomati, os homens reúnem-se na cantina do Rodrigues, dividida em duas partes. Uma, com balcão frigorífico, boas mesas e cadeiras confortáveis, é apenas para os brancos, os chefes da administração colonial. A outra, sem nenhum conforto, é para trabalhadores agrícolas e jovens moçambicanos da vila, frequentada também por prostitutas.

Nhinguitimo   crédito Licinio Azevedo
Filme Nhinguitimo - Foto: Licínio Azevedo

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