Museu de Arte Contemporânea inaugura exposição inspirada no mito das guerreiras amazonas
“Amazona, ou a dança das resistências” ressignifica violência, defesa e liberdade
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O Ministério da Cultura (MinC) e a Secretaria de Estado da Cultura (Sedac), por meio do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MACRS), promovem na próxima quinta-feira (5/12), a partir das 18h, a exposição “Amazona, ou a dança das resistências”. A mostra une realidade e ficção, onde sacos de boxe convidam visitantes a interagirem e avatares digitais dão vida a um universo ciborgue. A inauguração também contará com uma performance da criadora da obra, Andressa Cantergiani.
Após um episódio de violência física sofrida no transporte público, Andressa passou a pensar sobre sua fragilidade e falta de reação diante do fato. Ela, inevitavelmente, começou a imaginar outros desfechos caso tivesse se defendido. A partir disso, a artista investigou diferentes técnicas de autodefesa, incluindo Judô, Karatê, Krav Magá e Kickboxing.
Compreendendo a situação experienciada não como um trauma individual, mas como uma situação corriqueira fruto de uma sociedade estruturalmente violenta, a artista organiza uma série de workshops em parceria com instrutoras e coletivos de autodefesa feminista, como Débora Roldão (Brasil), Clarissa Fontana (Barcelona) e Movement Lab Fight Club (Grécia), para ensinar movimentos de defesa a corpos socialmente vulneráveis.
Apresentando sete performers distintas, de diferentes origens, o vídeo “Amazona, ou a dança das Resistências” transforma os golpes de luta em dança, oferecendo fluidez aos movimentos e liberdade àqueles corpos. Também são expostos na mostra dois conjuntos de sacos e luvas de boxe, disponíveis para manipulação dos visitantes, que serão ativados com a realização de oficinas de autodefesa, ministradas pela artista e uma instrutora especializada.
O público terá ainda a oportunidade de conferir, na quinta-feira (05), às 19h, uma apresentação de Andressa, que será realizada a partir da escultura-avatar “Big Momma-Mona” (2024). Feita de filamento PLA biodegradável a partir de processos de impressão 3D, a obra é constituída por 17 diferentes partes do corpo da “Grande Mãe”, numa escala real que emula o corpo da artista. Desmembrada no início da mostra, ela é montada em uma ação performática.
Com entrada gratuita, “Amazona, ou a dança das resistências” pode ser visitada até o dia 9 de fevereiro de 2025, na Galeria Sotero Cosme, 6º andar da Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ). A exposição foi selecionada no edital Chamada Aberta do MACRS.
Coleta de movimentos
Em paralelo à mostra, Andressa Cantergiani lança um convite para doações de coleta de movimentos de autodefesa. Usando tecnologia de motion caption, ela capta e registra tais movimentos, que são posteriormente usados nas coreografias dos vídeos 3D e em futuras performances. O banco de dados de movimentos é aberto e em processo infinito de coleta dessas doações.
Os movimentos dos workshops, das práticas corporais de artes marciais e autocuidado são incorporados e ressignificados no vídeo. Dessa experiência, nasce “Amazona, ou a dança das Resistências”, inspirada no mito das mulheres guerreiras. Assim, a artista constrói um universo digital paralelo e distópico no qual variados seres ciborgues coabitam: avatares que existem em fluxo, no espaço e no tempo, corporificados e ativados pelo conjunto de movimentos reais de autodefesa colecionados.
O projeto, inédito no Brasil, começou a ser desenvolvido em 2022 na Alemanha, através da bolsa de pesquisa Weltoffenes Berlin e do Fundo Joint Adventures – Walter Heun/ Nationalez Performance Netz.
Serviço
Abertura da exposição “Amazona, ou a dança das resistências”
Quando: Quinta-feira (5/12), às 18h
Performance: 19h
Onde: Galeria Sotero Cosme, 6º andar da Casa de Cultura Mario Quintana (Rua dos Andradas, 736 – Centro Histórico de Porto Alegre/RS)
Visitação pública: De terça-feira a domingo, das 10 às 19h, até 9 de fevereiro de 2025