Projeto Memória Viva será lançado no Teatro de Arena
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O Teatro de Arena (Av. Borges de Medeiros, 835 – escadarias do Viaduto Otávio Rocha), símbolo representativo de resistência à Ditadura Militar (1964-1985) no cenário cultural porto-alegrense, lança nesta terça-feira (26), às 19h, o projeto Memória Viva. E abre suas portas para revisitar a memória de seus protagonistas: os artistas que deixaram seu legado à casa de espetáculos – muitos continuam contribuindo até hoje com uma história que atravessa cinco décadas. A realização é da Secretaria da Cultura (Sedac), Instituto Estadual de Artes Cênicas (IEACen),com a curadoria do Theatro São Pedro e tem o apoio doSindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos e Diversões (Sated RS) e da Associação de Amigos do Teatro de Arena e é aberto ao público.
De março em diante, a Sedac planeja gravar depoimentos com outros atores gaúchos e do cenário nacional que passarem por Porto Alegre. A ideia da Secretaria é formalizar, a partir de agora, novas parcerias para que o material esteja disponível em mídia digital para consulta em breve.
Em meio à seção de peças censuradas no Arena, no período da Ditadura, encontram-se documentos carentes de digitalização e que se traduzem no cerne deste projeto. São peças, com palavras ou trechos rabiscados que acabavam por alterar a concepção dramatúrgica dos textos por força da censura. Também faz parte deste material acervo de vídeos com entrevistas de atores e diretores, arquivados em VHS.
Conhecedor profundo do acervo, o ator e diretor Mauro Soares, que se dedica ao Arena até hoje, estreará os depoimentos do projeto dando início a um grande desafio: deixar documentado histórias que misturam realidade e ficção, vida e palco. E, assim, ir à contramão da carência cada vez maior de registros de profissionais que passaram por teatros gaúchos. “Percebemos que, a cada dia, estas referências estão se perdendo. Por isso, registrar estas histórias é um compromisso com a memória do teatro gaúcho” – ressalta Ruben Oliveira, diretor do IEACen.
Mauro Soares
Estreou no teatro em 1966, atuando na peça Os Deuses Riem, em Pelotas, sob direção de J. R. Mendonça. Mudou-se para Porto Alegre em 1977, onde continuou a carreira de ator. Entre seus trabalhos como ator destacam-se: Os Dragões do 21º Dia (1978), O Evangelho Segundo Zebedeu (1978), A Lata de Lixo da História (1979), Esta É a Sua Vida (1981) e Doce Vampiro (1982). Em 2000, atuou em O Pagador de Promessas, com direção de Roberto Oliveira; em 2003, em Homem não Chora, direção de Shirley Rosário; em 2004, voltou a atuar sob a direção de Luciano Alabarse, em Antígona, recebendo o prêmio Açorianos de melhor ator coadjuvante. Continuou a parceria em Hamlet (2006), Medeia (2007), Édipo (2008), Platão 2 em 1 (2009), Bodas de Sangue (2010), Inimigos de Classe (2012), Ifigênia em Áulis + Agamênon (2013), A Vertigem dos Animais Antes do Abate (2014) e Crime Woyzeck (2015).