Biblioteca Pública do Estado apresenta exposição sobre Machado de Assis
Mostra é comemorativa aos 184 anos de nascimento do escritor
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A Biblioteca Pública do Estado (BPE), instituição da Secretaria de Estado da Cultura (Sedac), apresentará, de 15 de junho a 26 de agosto, a exposição “Singular ocorrência: os 184 anos de Machado de Assis”, com curadoria de Cláudia Antunes.
A mostra, montada na Sala Borges de Medeiros, exibirá as primeiras edições do escritor, documentos sobre sua vida e obra, uma revisão da crítica literária sobre Machado e uma grande variedade de iconografia.
O nome da exposição remete ao conto "Singular ocorrência", publicado em Histórias sem Data, pela editora Garnier, em 1884, três anos depois de Memórias Póstumas de Brás Cubas. A escolha desse nome se fundamente na premissa de que Machado foi um autor singular na história da literatura brasileira.
Entre os destaques estão as primeiras edições das obras Páginas Recolhidas, Poesias Completas, Dom Casmurro, A Semana e Relíquias de Casa Velha. Além disso, vale ressaltar que, entre os primeiros textos da crítica literária estão os estudos de autores gaúchos, como Alcides Maya, Augusto Meyer, Moysés Vellinho, Guilhermino Cesar e Flávio Loureiro Chaves.
A biblioteca de Machado de Assis será recriada a partir dos trabalhos de Jean Michel Massa e José Luís Jobim. A BPE reuniu alguns dos títulos que, certamente, fizeram parte da biblioteca do escritor, e que foram escritos, inclusive, no idioma original. Essa amostra de livros constitui um esforço para demonstrar os autores que foram fundamentais na obra de Machado de Assis e lhe serviram de inspiração. São eles: Eça de Queiroz, Shakespeare, Edgar Allan Poe, Luís Vaz de Camões, Miguel de Cervantes, Victor Hugo, Honoré de Balzac, Dante Alighieri, Gregório de Matos, Gonçalves Dias, dentre outros.
A curadora da exposição, Cláudia Antunes, explica que para o leitor de uma obra de um escritor, conhecer a sua biblioteca é um verdadeiro tesouro. “Isso possibilita o estudo de Machado enquanto leitor”, completa.
A mostra também apresentará uma faceta pouco conhecida do escritor — a de tradutor. Machado traduzia francês e inglês, e estudava grego e alemão. Os leitores dos séculos 19 e 20 tiveram acesso a alguns títulos de grandes autores da literatura mundial, como o poema O Corvo, de Edgar Allan Poe e Os trabalhadores do Mar, de Victor Hugo, por meio das traduções do criador de Dom Casmurro.
A visitação é realizada de segunda a sexta-feira, das 10h às 18h, e aos sábados, das 10h às 17h, com entrada gratuita. Visitas guiadas podem ser agendadas pelo e-mail bpe.acervors@gmail.com.
Sobre Machado de Assis
O maior escritor da literatura brasileira era negro. Retratado erroneamente por décadas como branco, o autor, que é neto de africanos alforriados, foi embranquecido ao longo da história. Em 2018, a faculdade paulista Zumbi dos Palmares criou a campanha "Machado de Assis real", manipulando, por meio de programa digital, o retrato mais conhecido do escritor para recuperar o que seria a sua verdadeira aparência. Essa imagem recuperada será mostrada na exposição, além de outras que fazem parte da sua iconografia.
Joaquim Maria Machado de Assis nasceu no Morro do Livramento, no Rio de Janeiro, em 21 de junho de 1839. Era filho de uma família pobre, descendente de negros alforriados e de uma portuguesa da Ilha de São Miguel.
Transitou por todos os gêneros literários: teatro, crônica, conto, poesia e romance. Atuou como jornalista e crítico literário, e trabalhou, paralelamente, como servidor público.
Era extremamente dedicado às letras, autodidata e talentoso, o que lhe garantiu acesso e respeito junto às altas rodas de intelectuais da época, sendo um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras. Contudo, era bastante tímido, talvez por possuir algumas condições que limitavam o convício social: sofria de gagueira, epilepsia e dependia do salário de servidor público para sobreviver.
Foi casado com Carolina Augusta, uma moça portuguesa por quem nutria grande afeição e não teve filhos. Dessa relação, pode se aproximar da comunidade portuguesa e ascender socialmente, apesar da diferença de raça, que era um forte fator de exclusão na época.
Faleceu no Rio de Janeiro, em 29 de setembro de 1908. Sua obra foi de fundamental importância para a literatura brasileira e surge nos dias de hoje como de grande interesse acadêmico e público, sendo traduzido em mais de 35 idiomas e sendo adaptada para cinema, teatro, quadrinhos e outros formatos.
Sobre a curadora
Cláudia Rejane Dornelles Antunes é jornalista e doutora em Letras. Já fez vários projetos culturais sobre o escritor João Simões Lopes Neto, no qual é especialista. Em 2018 ganhou o prêmio Açorianos na categoria Arte Educação com a exposição O Museu Desmiolado. Trabalhou entre 1997 e 2007, como bolsista, no projeto Acervos de Escritores Sulinos do Programa de Pós-Graduação em Letras da PUCRS, sob a coordenação das professoras Regina Zilberman e Maria da Glória Bordini, desenvolvendo trabalhos com os acervos de Erico Verissimo, Josué Guimarães, Mario Quintana, Reynaldo Moura, Manoelito de Ornellas, Lila Ripoll, Zeferino Brazil e José Pedro Escosteguy. É servidora concursada da Secretaria de Estado da Cultura, desenvolvendo o cargo de Analista em Assuntos Culturais, desde 2010. Atualmente trabalha com pesquisa e coordena o setor de Comunicação da Biblioteca Pública do Estado do Rio Grande do Sul.
Serviço
O quê: Exposição “Singular ocorrência: os 184 anos de Machado de Assis” - Curadoria de Cláudia Antunes
Quando: 15/06 a 26/08
Onde: Sala Borges de Medeiros (Rua Riachuelo, 1190, no Centro Histórico de Porto Alegre)
Texto: Cláudia Antunes | Ascom BPE
Edição: Silvia Martins | Ascom Sedac