Iphae elabora parecer sobre o modo de fazer artesanato com palha de butiá de Torres
Pesquisa do Instituto Curicaca indica bem de natureza imaterial para registro como Patrimônio Cultural do RS
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O “Modo de fazer artesanato com palha de butiá de Torres” pode se tornar Patrimônio Cultural Imaterial do Rio Grande do Sul. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae) - vinculado à Secretaria de Estado da Cultura (Sedac) -, elaborou parecer técnico sobre a Proposta Técnica de Registro e, na segunda-feira (14), encaminhou o documento à Câmara Temática do Patrimônio Cultural Imaterial (CTPCI). Esta é uma instância que reúne representantes de instituições públicas, de associações científicas e da sociedade civil para análise do material produzido e deliberação a propósito do possível registro.
A proposta técnica é resultado de pesquisa do Instituto Curicaca junto à comunidade de detentores do bem cultural, pela qual foram entrevistados a comunidade de artesãs e os demais envolvidos no artesanato, desde o extrativismo das folhas do butiazeiro até a comercialização dos artefatos confeccionados.
Como consequência do registro, o objetivo das pesquisas vinculadas às políticas públicas de Patrimônio Cultural Imaterial é gerar subsídios para a formulação de medidas de salvaguarda que contribuam para a continuidade dos bens culturais registrados como integrantes ativos da diversidade de manifestações culturais do Rio Grande do Sul.
Sobre a pesquisa
As pesquisas colaborativas entre o Instituto Curicaca e a comunidade de artesãs iniciaram em 2003. Estão documentados o conjunto de conhecimentos botânicos e ecológicos presentes na interação das artesãs com o ecossistema de butiazais, cujo uso sustentável contribui para a conservação ambiental do bioma Mata-Atlântica – do qual os butiazais fazem parte. Tais conhecimentos fundamentam também as habilidades técnicas no tato com as folhas do butiazeiro (Butia catarinensis), que são cuidadosamente transformadas em palha para a confecção dos produtos artesanais. O artesanato e os saberes associados estão presentes há seis gerações em diferentes localidades rurais na região de Torres, remetendo a meados do século 19.