Margs lança programa público que propõe o debate e a reflexão sobre a presença e representatividade de artistas negros/as
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O Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs), instituição da Secretaria de Estado da Cultura do RS (Sedac), lança nesta quinta-feira, 10.06.2021, o projeto “Presença Negra no Margs”, que consiste em um amplo e extenso programa institucional propondo o debate e a reflexão sobre a presença e representatividade de artistas negros e negras no Acervo Artístico do Museu e também no sistema da arte.
A iniciativa, que vem sendo pensada e estruturada ao longo do último ano, será desenvolvida entre 2021 e 2022, trazendo a público conferências, palestras, encontros, cursos, debates, conteúdos e diversas ações com artistas, teóricos/as, pesquisadores/as, curadores/as e intelectuais negros/as e do pensamento negro no Brasil, incluindo agentes de movimentos sociais e ONGs.
Entre os temas, estão:
> A noção de arte afro-brasileira;
> As intersecções entre relações sistêmicas da arte e raça;
> Os processos de discussão decolonial em instituições culturais brasileiras;
> Os mecanismos e estratégias para uma educação antirracista a partir da arte;
> E o papel dos museus e das instituições na implementação de políticas e ações, sobretudo desde o sul do Brasil.
As atividades serão desenvolvidas nos próximos meses dentro de um programa público, que oferecerá uma plataforma a fim de manter o tema em evidência na programação e afirmar o compromisso permanente do Museu.
Todas as ações serão realizadas de forma virtual, através das redes sociais e com transmissão pelo YouTube do Margs.
O “programa público Presença Negra no Margs” tem coordenação da equipe do Núcleo Educativo e de Programa Público do Margs, no âmbito do convênio institucional com a Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e de uma parceria firmada com o Núcleo de Estudos Afro-brasileiros, Indígenas e Africanos (NEAB), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS).
A programação online também oferecerá um ambiente preparatório para a grande exposição que será apresentada em 2022, como ponto culminante dos debates, reflexões e investigações do projeto. Com o título provisório “Presença Negra no Margs”, a mostra com curadoria dos pesquisadores Igor Simões (UERGS) e Izis Abreu (Margs) resultará de um profundo exame e revisão crítica do Acervo Artístico do Museu — desde sua formação iniciada em 1954, até os dias atuais —, abordando a produção, a trajetória e as obras de artistas negros e negras que o integram. Ao problematizar o reduzido número de suas obras no Acervo do Margs, a investigação propõe uma reflexão sobre ausências, exclusões, invisibilidades e silenciamentos de sujeitos racializados como negros e negras no sistema da arte.
Nas palavras de Izis Abreu, pesquisadora e integrante do Núcleo Educativo e de programa público do Margs:
“Em um total de 1.020 artistas, temos a presença de ao menos 22 negros/as, representando menos de 2% do total do Acervo do Museu. Observar esses dados é importante pois os acervos e as coleções de um museu de arte designam o que é considerado arte e quais objetos devem ou não fazer parte, definindo quais subjetividades devem ser preservadas, difundidas e acessadas. Assim, acabam por reverenciar alguns artistas em detrimento de outros. Por conseguinte, a equidade de representações passa necessariamente pela reflexão das relações de poder que determinam a inserção de uns e a recusa de outros. Pensando nisso, o projeto ‘Presença negra no Acervo do Margs’ soma-se a uma série de debates que vêm sendo estimulados pela atual gestão, e de outros que ainda serão realizados, como forma de consolidação de políticas institucionais que buscam a inclusão do pluriversal na produção do sensível.”
Nas palavras do diretor-curador do Margs, Francisco Dalcol:
“Considerando o caráter episódico que o projeto poderia assumir se contasse apenas com a realização da exposição, o Programa Público vem também a manter as discussões e reflexões em evidência na pauta e no cotidiano institucional do Museu. Assim, com o projeto ‘Presença Negra no MARGS’, a atual gestão e direção artística do Museu reforça sua atuação frente às exigências e compromissos dos debates contemporâneos, por meio de reflexões críticas, da produção de conhecimento avançado e da instituição de políticas que buscam maior pluralidade, diversidade, inclusão e equidade dentro de um processo histórico hoje seriamente questionado. E em um país em que o racismo estrutural e sistêmico persiste em suas diversas formas de dominação, opressão, segregação e exclusão, o projeto vem também a problematizar o mito da democracia racial no Brasil”.
No Margs, o “Presença Negra” se vincula ao programa “Histórias Ausentes”, com o qual se procura conferir visibilidade e legibilidade a manifestações artísticas e narrativas invisibilizadas pelos discursos dominantes da historiografia oficial, destacando trajetórias, atuações e produções artísticas que permanecem não legitimadas pelo sistema das artes.
E na Sedac, o projeto se insere no conjunto de ações por meio de suas instituições enquanto política da Secretaria no âmbito do “Ano do Cinquentenário do 20 de Novembro, Dia da Consciência Negra”, instituído em decreto de 13.05.21 pelo governador Eduardo Leite.
Nas palavras da Secretária de Estado da Cultura, Beatriz Araujo:
“Este projeto vai tornar ainda mais relevante o papel histórico e social do Margs, que abrirá suas portas para o olhar de artistas negros, construindo, assim, uma cultura mais inclusiva”.
Matéria completa em: http://www.margs.rs.gov.br/noticia/presenca-negra-no-margs/