A Secretaria de Estado da Cultura (Sedac), por meio do Sistema Estadual de Cultura (SEC), realizou um levantamento dos impactos da catástrofe climática que afetou o Rio Grande do Sul nos diferentes espaços de cultura em todo o Estado. Os números foram apresentados pela titular da pasta, Beatriz Araujo, durante solenidade de anúncio dos novos editais da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), na tarde desta quarta-feira (31/7), na Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ), uma das instituições da Sedac mais afetadas pela enchente e que reabre ao público em 14 de agosto.

O trabalho de recuperação dos acervos atingidos foi iniciado com a identificação de profissionais e empresas dispostos a colaborarem para restabelecer o pleno funcionamento das instituições, com apoio do Sistema Estadual de Museus (SEM) e pelo Sistema Estadual de Bibliotecas (SEB). Por meio de formulário, o programa SOS Acervos identificou 933 pessoas, empresas, instituições públicas e privadas, além de coletivos para atuarem na recuperação de documentos em papel, obras de arte, mobiliário (século XIX), máquinas, equipamentos e instrumentos musicais.

O segmento de bibliotecas é o mais afetado. De acordo com os dados do SEC, foram apontados danos em 57 bibliotecas que, juntas, demandam a reposição de 115 mil livros. Para recompor acervos, a Sedac lançou a campanha de arrecadação “Juntos pela Leitura no RS”. Em parceria com o clube de leitura TAG e com apoio do Instituto Cervantes, até o final de julho, seis mil exemplares já foram destinados ao município de Lajeado e outros três mil para Dom Pedrito.

A enchente de maio também teve grande impacto no segmento de museus, registrando 41 instituições afetadas diretamente em 14 municípios. Foram confirmadas 24 inundações, 22 infiltrações devido a intensidade e ao acúmulo de chuvas e uma micro-explosão. Uma equipe da Sedac visitou municípios para verificar a extensão dos danos e formular o diagnóstico da situação.

Foram identificadas, ainda, 51 casas de cultura e centros culturais com danos em suas estruturas. “Nosso primeiro passo foi realizar um levantamento detalhado das instituições e dos profissionais da cultura afetados, para então buscar o suporte técnico necessário à recuperação do setor," explicou Beatriz. A secretária destacou ações do Museu de Arte Contemporânea (MACRS), que articulou suporte à comunidade no entorno de sua nova sede, no 4º Distrito de Porto Alegre, e de iniciativas de instituições que levaram ações culturais para os abrigos.

Ações de enfrentamento à situação de calamidade

A secretária também apresentou, durante o ato desta quarta-feira, iniciativas que estão mitigando os impactos no setor cultural – como a parceria firmada com a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), que visitou o Estado para avaliar a situação do patrimônio cultural. A Sedac também adiantou o pagamento de valores da Lei Paulo Gustavo (já tendo disponibilizado R$ 82 milhões), flexibilizou prazos e normas para projetos culturais, articulou a realização do Festival Movimenta Cena Sul e apoiou o Festival de Música Colaborativa do Sarau Solar para gerar renda para os trabalhadores do setor. “Só o Movimenta Cena Sul garantiu mais de 500 postos de trabalho, superando a nossa expectativa e demonstrando quantos profissionais são mobilizados na cadeia produtiva da cultura”, disse Beatriz.

Ainda sobre a geração de renda para os trabalhadores do setor, Beatriz lembrou que a Sedac articulou a criação da plataforma Contrate RS, dedicada a conectar talentos residentes no Estado, como designers, fotógrafos, cenógrafos e toda a gama de profissionais do setor, a empresas contratantes brasileiras.

Para contribuir com a recuperação dos empreendimentos culturais afetados, a Sedac firmou parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), viabilizando apoio financeiro para microempresários do segmento cultural na região de alagamento. A secretária também informou que a pasta articulou junto ao Banrisul investimentos que somam R$ 25 milhões no segmento cultural. Uma parte dos recursos será aplicada na recuperação de instituições culturais do Estado, e outra vai viabilizar a realização de eventos por meio de patrocínios e a contratação de técnicos e artistas por meio de edital.

Com a Lei Rouanet, a Sedac articulou a destinação de R$ 500 mil por parte da Ceee Equatorial para a Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ) e o Museu de Arte Contemporânea do RS (MACRS) realizarem ações focadas em artes visuais e formação cidadã.

Outras ações que já estavam previstas no calendário da Secretaria – como os projetos ligados ao RS Seguro Comunidades com as ações “Artista na Escola”, “Territórios Criativos”, “Caminhos criativos” e “Autor presente”; o MEI RS Calamidade; o Edital LIC Patrimônio, e os novos editais da PNAB anunciados hoje – também foram destacadas por Beatriz como iniciativas de impacto que contribuem com o restabelecimento pleno do setor.

Acesse aqui a apresentação com o detalhamento das ações.