Na reabertura do Museu de Arte do Rio Grande do Sul, Leite destaca o empenho das pessoas que resgataram o acervo
Foram investidos R$ 7,3 milhões na recuperação do museu, com recursos do Banrisul, da Sedac, da Defesa Civil e de doações
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O Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs), instituição da Secretaria da Cultura (Sedac), reabriu suas portas ao público nesta sexta-feira (6/12), após sete meses fechado em decorrência da enchente de maio. A reabertura, que contou com as presenças do governador Eduardo Leite, da titular da Secretaria da Cultura (Sedac), Beatriz Araujo, e do presidente do Banrisul, Fernando Lemos, foi marcada pela solenidade inaugural da exposição: Post scriptum – Um museu como memória.
Para reabrir as portas após a enchente, o Margs iniciou um plano abrangente de recuperação. O Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul) aportou R$ 5,6 milhões, por meio do programa de patrocínios da instituição. Também foram aplicados R$ 1,6 milhão do Fundo da Defesa Civil, além de recursos do orçamento da Sedac e de doações da sociedade.
“Nós, gaúchos, temos como característica muito forte a valorização do que somos como povo. Por isso, não existe nada mais marcante do que as nossas manifestações culturais, que precisam ser preservadas, guardadas e organizadas, para contar a nossa história em nossos equipamentos culturais, e muito especialmente no Margs. Quero agradecer muito à equipe da Secretaria da Cultura e do Margs pelo esforço para reabrir o museu depois do impacto tão grande que a enchente trouxe a este espaço”, disse o governador.
“Meu muito obrigado a todos que tomaram conta do acervo, que vieram para cá tantas vezes, até de barco, para resgatá-lo, cuidaram e trataram tudo com todo carinho e todo zelo. Sou muito orgulhoso e muito feliz de ser governador de um Estado que tem o valor dessa gente que está aqui hoje", acrescentou.
Além do restauro de obras do acervo do Margs, os recursos foram aplicados no conserto da subestação de energia, do sistema de climatização e na adequação do Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndios (PPCI). Também foram realizadas obras de requalificação do acesso ao museu, o restabelecimento dos sistemas do alarme de incêndio, das câmeras de segurança e da rede lógica, além da reposição de equipamentos e mobiliários atingidos.
“Foram sete meses de um intenso trabalho de resiliência e reconstrução para que conseguíssemos chegar ao fim de 2024 com o Margs em pleno funcionamento, e isso é uma conquista para toda a sociedade gaúcha”, comemorou Beatriz.
A criação de uma nova reserva técnica, em andares superiores, está em andamento, com o objetivo de garantir melhores condições de preservação do acervo. A instituição também busca patrocínios via lei federal de incentivo à cultura para seu Plano Bianual 2025-2026. Autorizada a captar R$ 8,6 milhões pela Lei Rouanet, a instituição vai dar continuidade às ações de restauro e modernização.
Sobre a exposição Post scriptum – Um museu como memória
Aberta ao público até 9 de março, a mostra tem entrada gratuita. A programação inclui visitas mediadas e atividades educativas que aprofundam o debate sobre memória e preservação cultural.
A mostra, que ocupa todo o primeiro andar expositivo do museu, foi concebida para narrar o impacto do evento climático no Margs, ao mesmo tempo em que celebra a resiliência da instituição. Com mais de 100 obras de artistas como Tarsila do Amaral, Alfredo Volpi, Alberto da Veiga Guignard, Glauco Rodrigues, Pedro Weingärtner, a exposição conecta acervo e memória, apresentando também itens afetados pela enchente que já foram restaurados.
“Post scriptum é um testemunho da força da cultura em tempos de adversidade. Não é apenas uma exposição sobre a enchente, mas uma reflexão sobre o papel dos museus como guardiões da memória coletiva”, destacou Beatriz.
Responsável pela concepção da mostra e por liderar as obras do museu, o diretor-curador Francisco Dalcol destacou o esforço conjunto do Estado e da sociedade civil para que a instituição voltasse a receber visitantes. “Para conseguirmos superar os desafios, cada contribuição foi importante: a equipe do Margs, os colaboradores e os voluntários que auxiliaram no momento de crise, os gestores públicos e as iniciativas da sociedade civil que vêm apoiando a recuperação do museu”, disse.
Dividida em cinco seções temáticas, Post scriptum propõe um diálogo entre passado e presente. As seções da mostra abordam, por exemplo, o impacto das cheias históricas em Porto Alegre e o processo de restauro das obras atingidas. Uma das áreas mais impactantes da exposição, segundo Dalcol, é o Laboratório de Restauração, onde o público pode acompanhar os trabalhos realizados por especialistas diretamente no espaço expositivo.
“Esta exposição foi pensada para compartilhar e trazer a público a jornada enfrentada pelo museu no maior desastre natural da história do Rio Grande do Sul. Isso reflete o compromisso do Margs com a memória, aprofundando-o quando o próprio museu é parte da circunstância histórica e de suas consequências”, concluiu Dalcol.
O público poderá visitar o museu gratuitamente de terça a domingo, das 10h às 19h (último acesso às 18h).