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Os 120 anos do Museu Julio de Castilhos atraem grande público e convidam a conhecer o passado

No dia do aniversário, o museu inaugurou a mostra comemorativa e o hall restaurado da casa que pertenceu a Julio de Castilhos

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Automóveis de época estacionados em frente à casa de Julio de Castilhos criaram o clima da primeira metade do século passado
Automóveis de época estacionados em frente à casa de Julio de Castilhos criaram o clima da primeira metade do século passado - Foto: Solange Brum | Ascom Sedac
Por SYLVIA BOJUNGA | ASCOM SEDAC EDIÇÃO: JOSIANE ROTTA | ASCOM SEDAC

A Secretaria de Estado da Cultura (Sedac) celebrou os 120 anos do Museu Julio de Castilhos ao final da tarde de segunda-feira (30/01), em cerimônia nos jardins da casa que pertenceu a Julio de Castilhos e família, na rua Duque de Caxias, no Centro Histórico de Porto Alegre. Fundado em 1903, o Museu Julio, como é carinhosamente chamado, vinculado à Sedac, é a instituição museológica mais antiga do Rio Grande do Sul e a oitava do Brasil.

 A secretária de Estado da Cultura, Beatriz Araujo, e a diretora do museu, Doris Couto, receberam autoridades, ex-dirigentes da instituição, membros da Associação de Amigos do Museu, parceiros institucionais e a comunidade cultural para a inauguração da exposição “Aos 120 – nossa história”, a entrega do hall de entrada totalmente restaurado, com recursos do programa Avançar na Cultura, e o lançamento do Catálogo de Restauros, que documenta os processos de revitalização de peças da coleção do museu no período 2020-2022.

Para criar o clima da primeira metade do século passado, uma atração especial foi a presença de cinco automóveis de época estacionados em frente à casa de Julio de Castilhos, cuja porta voltou a ser o ponto de acesso principal para os visitantes. Os veículos, entre eles modelos Ford 1926 e 1929 e um Chevrolet Bel Air 1951, foram trazidos pelo Veteran Car Club do Brasil RS, clube de colecionadores que é parceiro do Museu Julio de Castilhos. Eles colaboraram também nos processos de restauro da carruagem Landau, que pertenceu a Carlos Barbosa, e de uma lambreta que fez a volta ao mundo, ambas expostas na área de meios de transporte da mostra.

Estiveram presentes na celebração do aniversário a secretária adjunta de Estado da Cultura, Gabriella Meindrad; o diretor do Departamento de Memória e Patrimônio, Eduardo Hahn; o diretor do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae), Renato Savoldi; o presidente da Associação de Amigos do Museu Julio de Castilhos, Claudio Ferreira; e gestores de diversas entidades vinculadas à Sedac. Os restauradores e as equipes técnicas que colaboraram nos projetos do Museu Julio de Castilhos receberam uma homenagem, representados por Adriane de Souza Machado, Ísis Fófano, Tarsis Gradaschi e Maria Cristina Ferrony. 

A diretora do museu, Doris Couto, e a secretária da Cultura, Beatriz Araujo, acompanhadas do diretor de Memória e Patrimônio, Eduardo Hahn, e do diretor do Iphae, Renato Savoldi
A diretora do museu, Doris Couto, e a secretária da Cultura, Bia Araujo, com Eduardo Hahn e Renato Savoldi, diretores da Sedac

Na confraternização no jardim, que teve a participação de cerca de 300 convidados, a atração musical ficou por conta de Antonio Augusto Medeiros de Albuquerque, tesoureiro da Associação de Amigos do Museu, e do mestre Maraguaia, com voz e violão.

Mais investimentos

“Hoje devolvemos a originalidade ao hall de entrada (foto), que é uma parte importante da casa, retrocedendo a 1887, quando da sua construção. Em breve, um novo prédio será edificado nos fundos da casa amarela para assegurar condições efetivas de conservação do acervo, preparando o caminho para termos uma reserva técnica de padrão internacional. As duas casas serão completamente restauradas e seus espaços reconfigurados, oferecendo mais áreas expositivas”, comemorou a diretora Doris Couto. Os recursos, da ordem de R$ 14,5 milhões, estão assegurados pelo programa Avançar na Cultura.

Em seu pronunciamento, a secretária Beatriz Araujo destacou a dimensão educativa e cidadã dos bens culturais. “Mais do que nunca, precisamos educar por meio do acesso ao patrimônio cultural. Quem conhece e ama, respeita e cuida. Parte importante da nossa tarefa, além de zelar por esse patrimônio valioso, é torná-lo mais próximo dos cidadãos e cidadãs, para que se sintam pertencentes e também cuidem com respeito e afeto. A gestão do patrimônio, em todas as instâncias da administração pública, passa por um compromisso ético e político”, afirmou.

O evento atraiu um público diverso, de todas as idades. Angelo, 30 anos, integrante do Coletivo de Comunicação Kuery, formado por membros da comunidade Mbyá-Guarani, estava documentando a mostra para uma produção em vídeo. Ele faz parte do grupo criado em 2013, a partir da necessidade apontada pelas lideranças indígenas, de registrar a vida e o cotidiano nas aldeias impactadas pelas obras de duplicação da BR-116, no trecho entre Guaíba e Pelotas. Angelo participou de diversas capacitações em produção audiovisual e acredita que seu trabalho pode contribuir para ampliar o reconhecimento dos direitos do seu povo.

Na área da exposição destinada aos povos originários, que apresenta a história do povo Kaingáng, folhas secas do jardim do museu foram espalhadas pelo chão, conferindo um toque orgânico à ambientação do espaço, como se o visitante estivesse fazendo um passeio ao ar livre.

Catálogo online

Para que o público possa saber mais sobre as peças do acervo e os cuidados envolvidos nos processos de restauração e conservação, o Catálogo de Restauros foi lançado e ganhou uma versão online, no repositório digital do museu, que pode ser acessado pelo link https://acervos.museujulio.rs.gov.br/

Nessa plataforma digital, há objetos divididos em 29 coleções: armaria, arquitetura, arreamento, arte náutica, bandeiras, bibliografia, condecorações, documentos, escravatura, etnologia, filatelia, heráldica, iconografia, indumentária, instrumentos de trabalho, instrumentos musicais, máquinas, medalhas, missões, mobiliário, numismática, objetos de uso pessoal, objetos decorativos, regionalismo, sigilografia, tesserologia, utensílios domésticos e viaturas.

Mais sobre o Museu Julio de Castilhos

Criado em 30 de janeiro de 1903, o Museu Julio de Castilhos é um lugar de memória, de história e de testemunho de relevantes fatos políticos, sociais, culturais e econômicos do Rio Grande do Sul. Seu acervo é eclético e contém tesouros da Guerra do Paraguai, da Guerra Civil Farroupilha, além de documentos da história brasileira.

Desde 2019, o museu vem ampliando a temática de suas exposições e peças do acervo. Exemplos disso são a mostra “Memória e Resistência”, que exibe peças representativas dos povos originários, com destaque para as esculturas missioneiras; e “Narrativas do Feminino”, que expõe diferentes perspectivas de mulheres de meados do século 19 a meados do século 20. A presença negra também começou a ganhar espaço no acervo, que incorporou itens como o sopapo e a vestimenta favorita da mestra griô Sirley Amaro.

A exposição “Aos 120 – nossa história”, que é permanente, está aberta ao público de terça a sábado, das 10h às 17h, na rua Duque de Caxias, nº 1205.

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