Sedac lança exposição "Simões & Cia.: os 120 anos do cigarro Marca Diabo"
Lançado em 1901, o cigarro é um dos empreendimentos mais originais do escritor
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A Secretaria de Estado da Cultura (Sedac), por meio da Biblioteca Pública do Estado do Rio Grande do Sul (BPE), inaugura a exposição “Simões & Cia.: os 120 anos do cigarro Marca Diabo”. A mostra integra a programação comemorativa aos 150 anos da Biblioteca e vai ocorrer entre 27 de julho e 27 de agosto, das 10h às 17h, com entrada franca. Faz parte da instalação a projeção do documentário “Diavolus Registrada: 120 anos da "marca diabo" de Simões Lopes Neto”, de autoria de Emerson Ferreira.
Com curadoria da jornalista, pesquisadora e servidora da BPE, Cláudia Antunes, e documentário e design do artista visual e designer Emerson Ferreira, o projeto conta a história deste que é um dos empreendimentos mais curiosos do escritor João Simões Lopes Neto (1865 – 1916): o cigarro Marca Diabo.
A mostra foi pensada em dois ambientes: no primeiro haverá a instalação de uma tabacaria do século XIX, com vários artigos de fumo e cigarros do Rio Grande do Sul, de 1900. Para isso, foi feita uma pesquisa sobre marcas de cigarros da época existentes em Porto Alegre, Rio Grande e Pelotas. As embalagens serão reproduzidas e expostas, assim como tudo que envolve o universo do Diavolus, descrito nos jornais da época.

No segundo ambiente estarão as fontes originais, pertencentes a colecionadores particulares e aos acervos do Museus Julio de Castilhos e do Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul, também pertencentes à Sedac, em um exercício de transversalidade institucional.
Morgana Marcon, diretora da Biblioteca, explica que “a Biblioteca Pública possui no seu acervo os originais do teatro e as primeiras edições das obras de Simões. Esse projeto irá complementar a sua biografia, dando a oportunidade de mostrar ao público uma outra face do escritor, ainda desconhecida”.
Para a secretária da Cultura, Beatriz Araujo, “a exposição é um exemplo de cooperação das instituições que integram a Sedac, no esforço de difundir a cultura do nosso Estado. Ações como essa demonstram a importância da preservação de documentos em acervos públicos e privados, para que os pesquisadores encontrem fontes primárias que, normalmente, não estão acessíveis. Dessa maneira, é possível gerar novas hipóteses de estudo para construir narrativas que contribuam com a cultura e com a preservação da nossa memória."
"Com apoio e incentivo irrestritos do governador Eduardo Leite - outro pelotense progressista e entusiasta da Cultura -, a Sedac vem desenvolvendo uma série de ações para garantir que o patrimônio e a história do Rio Grande do Sul sejam reconhecidos por todos", conclui Beatriz.
Visitação
Para que o público possa aproveitar a exposição, além das práticas usuais de segurança, como uso de álcool gel, máscaras e distanciamento, a entrada será controlada para evitar aglomerações. Visitas guiadas podem ser agendadas pelo e-mail agendamento.bpe@gmail.com ou pelos telefones (51) 3224-5045 / 3225-9426 e WhatsApp: (51) 985949135. A Biblioteca Pública está localizada no Centro Histórico de Porto Alegre (Rua Riachuelo, 1190) e funciona de segunda a sexta, das 10h às 17h.
O cigarro Diavolus
Há exatamente 120 anos, era anunciada na imprensa pelotense a venda dos cigarros Diavolus, da fábrica de fumo Simões & Cia. O cigarro trazia estampada a figura de um diabinho, em contraste com as marcas da concorrência, todas com nomes de santos.
Em 1901, a firma Simões & Cia inaugurou a fábrica de fumos e cigarros Marca Diabo. A fábrica produzia os cigarros União Gaúcha, General Osório, Dr. Berchon, Clube Caixeiral, Macanudos, Coió e Mirim e anunciava “fumos crespos e caporais, em pacotinhos e frisos nos cabeços”, com reclames nos jornais de Pelotas.
O cigarro durou apenas cinco anos. Mesmo com vida curta, a marca Diavolus participou de diversas exposições nacionais e estrangeiras, chegando a levar a medalha de prata, em 1904, na exposição internacional de Saint Louis, nos Estados Unidos. Quando o cigarro saiu de circulação, em 1906, o estoque de tabaco foi utilizado para desenvolver o carrapaticida Tabacina, que duraria até 1912.
João Simões Lopes Neto
É o escritor mais conhecido da literatura regionalista e é considerado um dos maiores autores do Rio Grande do Sul. Natural de Pelotas/RS, recebeu o reconhecimento da crítica e do público por sua obra literária, lembrada, principalmente, pelos livros Contos gauchescos (1912) e Lendas do Sul (1913). O que poucos sabem é que a criação literária só se manifestou nos seus últimos anos de vida. Antes disso, era conhecido na cidade pelos textos jornalísticos e teatrais e por seus vários projetos cívicos, comerciais, industriais e empresariais. A criação do cigarro Marca Diabo, em sintonia com a modernidade urbana do seu tempo, foi um empreendimento ousado e pitoresco da época que acabou se tornando parte do folclore do seu criador.
Serviço:
O quê: Exposição Simões & Cia.: Os 120 anos do cigarro Marca Diabo
Curadoria e pesquisa: Cláudia Antunes
Design e vídeo: Emerson Ferreira
Onde: Biblioteca Pública do Estado do Rio Grande do Sul (Rua Riachuelo, 1190 – Porto Alegre/RS)
Quando: de segunda a sexta, das 10h às 17h