Obras de Manuel de Araújo Porto-Alegre são transferidas do Museu Julio de Castilhos para o Museu de Arte do Rio Grande do Sul
Publicação:

Ao completar 118 anos, a serem celebrados no dia 30 de janeiro de 2021, o Museu Julio de Castilhos (MJC) - R. Duque de Caxias, 1205 - Centro Histórico, Porto Alegre - comemora seu aniversário com ações que são estruturantes de sua política de gestão de acervos, implantada pela atual diretora, a museóloga Doris Couto.
Já em sua chegada, em 2019, nomeou uma comissão especial, composta por servidores do museu, diretoria de Memória e Patrimônio da Secretaria de Cultura (Sedac) e Associação de Amigos, a fim de deliberar sobre aquisições, descartes, transferências e empréstimos do acervo do MJC. Uma das ações mais recentes é a transferência para o Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs) do conjunto de 32 obras de autoria de Manuel de Araújo Porto-Alegre, até então sob guarda do MJC.
Nesta quinta-feira (28), às 10h, uma solenidade marcou a ação, com o ato de assinatura do Termo de Transferência. Estiveram presentes o diretor-curador do Margs, Francisco Dalcol, a diretora do MJC, Doris Couto e integrantes das comissões de acervo dos dois museus.
Nas palavras de Doris:
“No Museu Julio de Castilhos, as obras de Araújo Porto-Alegre foram expostas apenas em 1998, e a demanda por cuidados específicos de conservação é uma das motivações para a transferência, além das mesmas não terem nenhuma vinculação com a tipologia de um museu histórico como o Julio. A Comissão de Acervo entendeu que obras de arte são pouco utilizadas para apresentação pública se mantidas no Museu Julio e demandam ações de conservação que a instituição não tem como realizar, agravando-se as condições de sua conservação pelo fato de que as reservas técnicas não são climatizadas. Assim, houve o entendimento unânime do grupo de que o lugar para salvaguardá-las e expô-las é o Margs, instituição museológica da Sedac, vocacionada para a arte”.
Araújo Porto-Alegre
Gaúcho nascido em Rio Pardo, em 1806, Araújo Porto-Alegre fixou-se no Rio de Janeiro, vindo a falecer em Lisboa, Portugal, em 1879.
Segundo Francisco Dalcol, doutor em Teoria, Crítica e História da Arte, Araújo Porto-Alegre figura entre as mais notáveis personalidades culturais do Brasil no século 19, pela dimensão e extensão de sua atuação como artista, escritor, professor, intelectual e político.
Nas palavras do diretor-curador do Margs:
“A atuação e trajetória de Araújo Porto-Alegre são fundamentais no desenvolvimento das artes visuais e da literatura no Brasil imperial. No campo artístico, figura entre os nomes pioneiros de uma História da Arte no país e mesmo da institucionalização das artes visuais, tendo sido aluno e diretor da Academia Imperial de Belas Artes”.
Quanto às obras que estão sendo transferidas, Francisco Dalcol assinala que se trata de um expressivo conjunto que data do século 19, sendo, portanto, de tremendo valor artístico. E que, também em razão de sua datação, demandam especiais cuidados de conservação para sua preservação.
Além de contar com o Núcleo de Restauro e Conservação e o Núcleo de Acervos e Pesquisa, que são responsáveis pelo Acervo do Museu, o Margs possui reservas técnicas em dia com as exigências dos parâmetros museológicos internacionais, tanto em relação às condições de suas instalações físicas quanto por dispor de sistema de climatização que garante o controle de temperatura e umidade que são indispensáveis para a conservação de obras de arte.
Nas palavras de Francisco Dalcol:
“Entendemos que a transferência das obras de Araújo Porto-Alegre para o Margs virá a oferecer e garantir a melhor estrutura e condições de conservação, preservação e mesmo restauro de que dispomos no âmbito das instituições museológicas públicas do Estado do RS. Ao mesmo tempo, a transferência nos motiva sobremaneira por ser destinada a um acervo de tipologia artística, como é o caso do Margs, vindo a complementar e enriquecer a presença e representatividade de Araújo Porto-Alegre no Acervo do Museu, que já contava com obras do artista, porém em reduzido número. Com a transferência, as obras passam ainda a integrar a Política de Exposições do museu, vindo a público para apreciação em exposições dentro do conjunto de projetos curatoriais que a instituição desenvolve em seu programa artístico dedicado a pesquisar e apresentar o Acervo Artístico.”
Segundo Doris Couto e Francisco Dalcol, a consciência e decisão pela transferência foram construídas conjuntamente entre as direções dos dois museus, com respaldo de seus Comitês de Acervo, sendo que a motivação e convicção se dão em razão da consciência — nos termos técnicos e conceituais — de seus compromissos e responsabilidades, ora na condição de agentes públicos, quanto ao bom destino e salvaguarda do patrimônio público dos acervos de nossos museus.