Arte e processamento de memórias do regime militar no debate proposto por live paralela à instalação na CCMQ
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A artista visual Manoela Cavalinho, cuja instalação “Esqueleto no guarda-roupa” ocupa desde janeiro o Espaço Majestic, no térreo da Casa de Cultura Mario Quintana, conduz uma live com os psicanalistas Edson Souza e Paulo Endo, estudiosos da memória em relação à ditadura militar e à arte. A atividade paralela à instalação acontece às 20h da quinta-feira, 1° de abril, pelo Instagram @ccmarioquintana.
A instalação “Esqueleto no guarda-roupa” aborda uma memória muito particular da artista Manoela Cavalinho. “No fundo de um antigo guarda-roupa, Manoela inscreve um texto em que relata justamente um embaralhamento de rememorações e suspeitas: o pai atuando como servidor no Palácio da Polícia, as férias sem volta ao lado da mãe, as narrativas de outros funcionários, décadas adiante, sobre a persistência dos gritos dos prisioneiros, ecoando desde a fossa do edifício, o medo patológico que ela própria desenvolveu”, descreve o professor Eduardo Veras, autor do texto de apresentação da instalação.
Quando se completam 57 anos do efetivo início da ditadura civil-militar no Brasil, Manoela conversa com o psicanalista e professor de psicologia da USP, Paulo Endo, e com Edson Sousa, também psicanalista e professor de psicologia da UFRGS. Nessa live, os participantes abordam os apagamentos e escavações da memória do período da ditadura militar.
A instalação “Esqueleto no guarda-roupa” pode ser vista, mesmo com o complexo cultural fechado ao público, através da vitrine do Espaço Majestic, junto à Rua Sete de Setembro e à Travessa dos Cataventos, na Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ – Andradas, 736 – Centro Histórico de Porto Alegre). “Esqueleto no guarda-roupa” é o ponto zero da série Epigramas, na qual Manoela Cavalinho identifica com adesivos os endereços relacionados à ditadura militar na cidade de Porto Alegre. Esse segundo trabalho pode ser visto no Instagram @epigramas_.
O diretor da CCMQ, Diego Groisman, destaca a relevância da conversa proposta pela live paralela à instalação. “Manoela recebe dois grandes especialistas no tema memória em relação à ditadura e à arte para abordar o momento histórico do golpe de 64 e suas consequências no inconsciente coletivo. Esse debate se faz extremamente importante no momento atual de ameaça às instituições democráticas”, avalia o dirigente cultural.
Paulo Endo
Psicanalista, professor livre docente da USP, membro do Memory Studies Association (Dinamarca/Holanda/Espanha), da Unit Researchon Dreamns, Memory and Imagination Studies e assessor de Los Territorios Clínicos de La Memoria, coordenador do Grupo de Estudos em Direitos Humanos, Democracia e Memória do Instituto de Estudos Avançados da USP.
Edson Luiz André de Souza
Psicanalista, analista, membro da APPOA (Associação Psicanalítica de Porto Alegre), doutorado e pós-doutorado pela Universidade de Paris VII, professor visitante na Deakin University (Melbourne), Instituto de Estudos Críticos (México), De Paul University (Chicago), University of Limerick (Irlanda). Autor, entre outros, de “Uma invenção da utopia” (Lummeeditora-SP) e “Freud – Ciência, Arte e Política” (L&PM-RS), em co-autoria com Paulo Endo.
Live paralela à instalação “Esqueleto no guarda-roupa”
Quando: 1°/04
Horário: 20h
Onde: Instagram @ccmarioquitana