Filme indígena vence Mostra Sedac/Iecine de Longas Gaúchos no Festival de Cinema de Gramado
Final de semana de premiações incluiu, ainda, o reconhecimento a curtas universitários e homenagens a profissionais
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A Secretaria de Estado da Cultura (Sedac), por meio do Instituto Estadual de Cinema (Iecine), anunciou os vencedores da Mostra Sedac/Iecine de longas-metragens gaúchos no 52º Festival de Cinema de Gramado. Uma cerimônia na noite de sexta-feira (16), incluiu quatro homenagens a talentos do audiovisual do Estado, entrega de Kikitos e dos R$ 55 mil em prêmios aos vencedores das onze categorias da distinção (R$ 10 mil para o melhor filme e R$ 5 mil para cada vencedor nas demais categorias). No sábado, foi a vez dos curtas universitários vencedores receberem o reconhecimento pela qualidade da produção local.
“A Transformação de Canuto”, de Ariel Kuaray Ortega e Ernesto de Carvalho, foi escolhido o melhor filme da mostra e levou mais três troféus: Melhor Ator, Melhor Fotografia e Melhor Direção. O longa que retrata uma comunidade Mbyá-Guarani entre o Brasil e a Argentina (na região de Misiones) ainda recebeu o prêmio TV Brasil de Exibição, no valor de R$ 50 mil em licenciamento, além dos prêmios em dinheiro dedicados aos vencedores da Mostra. Ariel agradeceu o Coletivo de Cinema Mbyá Guarani do qual faz parte, as inspirações familiares, a aldeia e toda a equipe envolvida nos dois meses de rodagem na Comunidade Tamanduá, de Misiones: “Não se faz filme sozinho, e nós fizemos com toda nossa comunidade”. O diretor ainda contou que foram cinco anos até finalizar o título. Seu irmão, Ralf Ortega, roteirista do longa, afirmou: "O cinema tem todo poder de mudar o mundo. Viva o cinema indígena!", vibrou.
A premiação da Mostra Sedac/Iecine ainda teve uma menção honrosa ao autor, diretor e ator Rafael Corrêa, de “Memórias de um Esclerosado”, por “compartilhar uma visão de mundo tão generosa, colorida, divertida, sem medo dos sentimentos bons e ruins que eclodem da exposição em forma de filme biográfico”. A produção ainda foi destacada como Melhor Trilha (André Paz), Melhor Som (Kiko Ferraz), Melhor Montagem (Jonatas Rubert e Thais Fernandes) e Melhor Roteiro (Thais Fernandes, Rafael Corrêa e Ma Villa Real).
Para a diretora do Iecine, Sofia Ferreira, esta edição do Festival demonstra a capacidade de resiliência do Rio Grande do Sul, lembrando o cenário de destruição deixado pela tragédia climática que afetou o Estado. “Gostaria de parabenizar os 52 anos de história do Festival, que produz um legado de inovação e, sem dúvida, se consolida como um brilhante destaque no cenário brasileiro”, disse.
A diretora de Artes e Economia Criativa da Sedac, Germana Konrath resgatou as ações de fomento audiovisual que vêm ganhando muita força nos últimos anos no nosso Estado. “Lançamos uma consulta pública para atualizar informações sobre a cadeia produtiva do audiovisual gaúcho e também vislumbrar novos horizontes. Nos próximos 30 dias, trabalhadores e empresas do setor vão poder nos auxiliar na definição dos futuros investimentos do Estado”, informou. A consulta, que está disponível no site da Sedac, busca traçar o perfil atual do segmento e entender as necessidades que o setor enfrenta após as enchentes no Estado. Segundo Germana, a partir dessas informações será possível “propor políticas públicas assertivas e coerentes com a realidade atual da indústria audiovisual”, concluiu.
Reconhecimentos ao cinema gaúcho
Pela primeira vez, os Prêmios Iecine foram divididos em três categorias: Legado, Inovação e Destaque. Os homenageados foram escolhidos por uma comissão integrada pela jornalista Alice Urbim, o jornalista, escritor, produtor, diretor e roteirista Renato Dornelles, e a jornalista e crítica de cinema. Ivonete Pinto.
A categoria destaque foi entregue a Alexandre Mattos Meireles, membro-fundador da Moviola Filmes e membro do Macumba Lab – Coletivo de Profissionais Negres do Audiovisual do RS, que agradeceu seus colegas de Pelotas e do coletivo: “Trabalhamos fazendo milagres sempre buscando a inserção de profissionais pretos no audiovisual”.
Aletéia Selonk, sócia-diretora e produtora executiva da Okna Produções, recebeu o Prêmio Inovação ao lado dos filhos, João e Maria: “Para mim, essa distinção neste ano foi uma surpresa, uma grande alegria. Falar de um reconhecimento como esse me faz pensar na minha verdadeira paixão pelo cinema, o encantamento pela produção audiovisual, pela produção criativa, essa modalidade na qual eu me defino e eu realizo”.
Já o diretor, produtor e animador com quatro décadas de trabalho no setor, José Maia recebeu o Prêmio Legado das mãos do amigo e antigo sócio, Otto Guerra: “Estou muito emocionado com esse prêmio da Sedac/Iecine, que tantas vezes apoiou a animação aqui no Rio Grande do Sul. Vários projetos que participei dentro e fora da Otto Desenhos foram apoiados pelo Instituto. E me sinto honrado mesmo por merecer essa distinção”.
Em memória do ator gaúcho e apresentador do Festival de Gramado, o troféu Leonardo Machado foi dedicado ao ator e diretor porto-alegrense Nelson Diniz. Com mais de 60 trabalhos realizados na tela grande, ele começou sua carreira no cinema com o clássico gaúcho “Anahy de Las Missiones”.
O 8º CGFM é realizado pela Gramadotur, autarquia municipal responsável pelos eventos da cidade, pela Secretaria de Estado da Cultura (Sedac), por meio do Instituto Estadual de Cinema (Iecine), e pela Agência Nacional de Cinema (Ancine).
Vencedores da Mostra Sedac/Iecine de Longas Gaúchos:
Melhor Filme
“A Transformação de Canuto”, de Ariel Kuaray Ortega e Ernesto de Carvalho
Melhor Direção
Ariel Kuaray Ortega e Ernesto de Carvalho, por “A Transformação de Canuto”
Melhor Ator
Fabricio Alvaro Benitez, por “A Transformação de Canuto”
Melhor Atriz
Cibele Tedesco, por “Até que a Música Pare”
Melhor Roteiro
Thais Fernandes, Rafael Corrêa e Ma Villa Real, por “Memórias de um Esclerosado”
Melhor Fotografia
Camila Freitas, por “A Transformação de Canuto”
Melhor Direção de Arte
Adriana do Nascimento Borba, por “Até que a Música Pare”
Melhor Montagem
Jonatas Rubert e Thais Fernandes, por “Memórias de um Esclerosado”
Melhor Desenho de Som
Kiko Ferraz, por “Memórias de um Esclerosado”
Melhor Trilha Musical
André Paz, por “Memórias de um Esclerosado”
Júri Popular
“InfiniMundo”, de Bruno Martins e Diego Müller