Bondes históricos de Porto Alegre são entregues ao MACRS
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Ariel Lopes | | Ascom Sedac
Depois de 50 anos, as ruas de Porto Alegre pararam e abriram espaço para que os bondes pudessem circular novamente. Na manhã desta quinta (24/9), o Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MACRS) deu início ao processo de transporte de dois bondes históricos, doados pela Polícia Civil, para a nova sede do museu, no Quarto Distrito.
Os bondes, que entre as décadas de 1870 e 1960 foram meio de transporte em Porto Alegre, estavam parados há décadas no estacionamento da Polícia Civil, que já os usou como espaço de atendimento ao público e também no museu da instituição. O termo de doação foi assinado em janeiro deste ano pela chefe de Polícia do Estado, delegada Nadine Anflor, na presença da secretária da Cultura, Beatriz Araujo, e do diretor MACRS, André Venzon. Nesta quinta-feira, os três também observaram de perto a retirada do primeiro veículo para a sua nova morada.
Última parada
Por serem peças grandes, pesadas e fragilizadas pela ação do tempo, o deslocamento precisa ser feito com cuidado redobrado. É por isso que o processo de transição será em duas etapas: o primeiro bonde foi retirado hoje e, o segundo, será transportado amanhã (25/9).
Foi também esse cuidado que permitiu uma última viagem, ainda que simbólica, para os veículos de mais de 90 anos. Sobre um guincho, o primeiro bonde circulou por pontos importantes da capital gaúcha, como a Orla do Guaíba, a Usina do Gasômetro e o Mercado Público, até chegar ao Quarto Distrito.
Agora, encontraram seu lugar no pátio da nova sede do MACRS, que tem previsão de abertura em janeiro de 2021. André Venzon, diretor do museu, falou sobre o futuro dos veículos. “Um deles será restaurado em seu estado original, e o outro será usado como um espaço educativo. O público vai poder acompanhar a história dos bondes, o processo histórico e como eles chegaram até aqui”, comentou. Para Venzon é essencial que eles não sejam incorporados apenas como peças de uma exposição, “mas que também se crie junto a eles um espaço de convivência”.
Para a secretária da Cultura, Beatriz Araujo, o que fala mais alto é a questão do simbolismo. “É um museu de arte contemporânea que também tem um olhar atento ao passado e à preservação da memória afetiva”. A secretária disse que os frutos dessa recuperação das memórias das pessoas já começaram a brotar. “Desde que começamos a trabalhar com a doação dos bondes para o MACRS, muitos depoimentos e histórias bonitas começaram a aparecer”, sinalizou.