Governo do Estado do Rio Grande do Sul
Secretaria da

Cultura

Início do conteúdo

Projeto "Saberes e Memórias", focado na formação de jovens indígenas na área cultural, encerra primeira edição

Iniciativa do Museu de História Julio de Castilhos beneficiou 25 cursistas de 10 aldeias do RS

Publicação:

Mulher indígena com cabelos longos e lisos, vestindo blusa vermelha, segura um banner informativo em meio à natureza, com vegetação verde ao fundo. O banner traz o título “Tekoa Jataity” e informações bilíngues (em português e guarani) sobre o artesanato, danças, cantos e alimentação tradicional da comunidade. Também há fotografias de cestos e instrumentos artesanais, além de imagens de membros da comunidade em atividades culturais.
A ação teve início em outubro de 2024 e contemplou atividades teóricas e práticas, desenvolvidas no Museu e nas aldeias - Foto: Gregory Oliveira/Divulgação MHJC
Por Gabriel Ortega/Ascom Sedac*

Chegou ao fim a primeira edição do projeto "Saberes e Memórias: Interlocução Museu-Aldeias", uma parceria do Museu de História Julio de Castilhos (MHJC) e da Associação de Amigos do Museu Julio de Castilhos (AJUC), e que levou formação cultural a jovens indígenas residentes em Porto Alegre e Região Metropolitana. O curso, focado em educação patrimonial e mediação em espaços de memória, beneficiou 25 estudantes de 18 a 35 anos, de 10 aldeias gaúchas. A iniciativa contou com financiamento da Lei Paulo Gustavo (Edital Sedac/LPG nº 10/2023).

“Logo que abriram as inscrições, tivemos mais inscritos do que esperado, demonstrando uma demanda para a formação de jovens indígenas na área da cultura”, relembra o coordenador do projeto e historiador do MHJC, Guilherme Brandalise. Os cursistas que participaram da formação são de aldeias em Barra do Ribeiro, Cachoeirinha, Porto Alegre, São Leopoldo e Viamão, sendo cinco do povo Guarani Mbya e cinco do povo Kaingang.

O projeto teve início em outubro de 2024 e contemplou atividades teóricas e práticas, desenvolvidas no Museu e nas aldeias. Cada estudante recebeu uma bolsa de R$ 1,6 mil, além de certificado. 

“Os quatro módulos proporcionaram caminhadas que envolveram trocas e aprendizados entre os cursistas e a equipe do projeto. Além de promover a integração entre jovens indígenas de diferentes aldeias, trouxe eles para perto da rotina de um museu, e, ao final, a ideia de museu para dentro das suas aldeias”, ressalta Brandalise.

Grupo de crianças usando uniformes nas cores azul e vermelho, observa com atenção uma exposição em ambiente interno, iluminado por luz natural. Elas estão reunidas em frente a uma vitrine de vidro com objetos expostos. Três mulheres indígenas estão posicionadas atrás da vitrine, explicando os elementos apresentados. Uma delas fala enquanto aponta para a vitrine; outra está sorrindo e a terceira observa atenta.
O projeto surgiu como uma proposta para aprofundar as relações entre o Museu e as comunidades indígenas - Foto: Gabriel da Silva Goulart/Divulgação MHJC

Na primeira etapa do projeto, os estudantes participaram de um curso dentro do MHJC, sobre os principais conceitos de museu e patrimônio, além das rotinas de funcionamento da instituição, suas exposições e acervos. Essa etapa contou com formadores da equipe do MHJC e indígenas. Na segunda parte, os cursistas colocaram em prática o que aprenderam, realizando mediações nas exposições da instituição, para turmas indígenas e não-indígenas. 

No terceiro módulo, a turma retornou para duas aldeias para conversar com professores indígenas, expandindo as reflexões dos módulos anteriores. Para a última etapa e finalização do curso, cada jovem apresentou para a equipe do Museu um espaço de memória em sua aldeia, ficando o legado do projeto para as comunidades.

Para marcar o encerramento do projeto, um e-book sobre a experiência dos jovens - com acessibilidade em formato de audiobook - será lançado em breve, no @museuhistoriajuliodecastilhos.

Lousa verde com a frase escrita em giz branco: “SABERES E MEMÓRIAS — BEM VINDOS (PEVAEN PORÃ)”. Acima da lousa, há várias fotografias coladas, retratando atividades com crianças e elementos culturais indígenas, decoradas com molduras coloridas e desenhos geométricos.
A ação busca oportunizar que comunidades trabalhem sua cultura com um público mais amplo - Foto: Natasha da Silva Barboza/Divulgação MHJC

O Museu e a temática indígena

"Saberes e Memórias: Interlocução Museu-Aldeias" surgiu como uma proposta do Museu de História Julio de Castilhos e da Associação de Amigos do Museu Julio de Castilhos para aprofundar as relações com as comunidades indígenas, já desenvolvidas nos últimos anos através da exposição “Memória e Resistência”, do Abril Indígena e outros eventos.

Entre os objetivos do projeto está o de oportunizar a essas comunidades a possibilidade de trabalhar a sua cultura com um público mais amplo, fornecendo uma fonte de renda que também valoriza internamente as culturas tradicionais, reforçando direitos já garantidos. 

Para além desses objetivos, "Saberes e Memórias” aproximou povos diferentes, aproximou os cursistas dos estudantes de suas próprias aldeias e deixou em cada uma um material que permanece e será utilizado em visitas de escolas, grupos de apoiadores e visitantes, fortalecendo os laços que permitem que as culturas indígenas vivam por muitas gerações.

Grupo de pessoas sentadas em círculo ao ar livre, participando de uma roda de conversa sob a sombra de árvores. O ambiente é gramado e cercado por vegetação, com clima informal e acolhedor. Um homem de camisa verde claro gesticula enquanto fala, enquanto os demais escutam com atenção.
Para o encerramento da iniciativa está planejado o lançamento de um e-book sobre a experiência dos jovens - Foto: Natasha da Silva Barboza/Divulgação MHJC
“Agradecemos os formadores indígenas Jerônimo Vherá Tupã, Jaime Vherá Guyrá, Dorvalino Refej Cardoso e Bruno Ferreira Kaingang; a equipe do MHJC, da AJUC, a contadora Santina e a todos os prestadores que possibilitaram que esse projeto inédito saísse do papel. Estamos muito felizes com o engajamento de todos e com a participação das comunidades indígenas. Que venham as próximas edições!”, celebra o historiador Guilherme Brandalise.

*Sob supervisão de Sara Goldschmidt

Secretaria da Cultura