Na noite dessa sexta-feira (22) foram lançadas, em Pelotas, as obras Terra Gaúcha e Artinha de Leitura, manuscritos de 1904 e 1908, respectivamente, inéditos de Simões Lopes Neto, em edição do professor Luiz Augusto Fischer. A publicação é da editora Belas-Letras com patrocínio do Banrisul.

O secretário de Estado da Cultura, Assis Brasil, representou o governador Tarso Genro no evento. Em seu pronunciamento lembrou o momentos em que, como leitor, descobriu o grande escritor gaúcho. “ Agora Simões me surpreende de novo. Temos aqui o melhor que se pode ter de Simões Lopes Neto com a edição do Fischer. O Rio Grande está em festa nesta noite, pela recuperação deste material”, disse.

 Luiz Augusto Fischer agradeceu o proprietário dos manuscritos, Fausto Domingues, pela visão de tornar públicas as obras. “Os livros cumprem um destino glorioso de potencializar o acesso e o interesse das pessoas pela obra de Simões Lopes Neto”. Fischer também ressaltou que ambos os livros são claramente um "ensaio" para a obra maior do autor, Contos Gauchescos (1912) e Lendas do Sul (1913.

O material histórico composto por dois cadernos e um cartilha foi doado pela viúva de Simões, Francisca Paula Meireles Leite, ao jurista pelotense Mozart Victor Russomano. Com ele, permaneceu mais de 50 anos. O resgate do conteúdo ocorreu  quando o geógrafo, bibliógrafo e membro do Instituto Simões Lopes Neto, Fausto Domingues, recebeu de herança os manuscritos. Domingues, em parceria com o advogado Carlos Francisco Sica Diniz, convidou o professor de Literatura, Luís Augusto Fischer, para coordenar o projeto.

No final do evento o músico e escritor, Vitor Ramil, fez a leitura de trechos do Terra Gaúcha.Também participaram da cerimônia o presidente do ISLN, Antonio Carlos Mazza Leite, o ex- governdor Olivio Dutra, o superintendente Regional do Banrisul, Ladir Matias, a vice-prefeita de Pelotas, Paula Macarenhas e a secretária municipal de cultura Beatriz Araújo.

Terra Gaúcha e Artinha de Leitura

Criar leitores foi o objetivo João Simões Lopes Neto ao escrever dois livros voltados à alfabetização e à aquisição do hábito da leitura nas escolas. Artinha de Leitura, pensado para ser usado como uma cartilha de alfabetização, era avançadíssimo para a época. Simões escreveu o livro dentro de uma nova ortografia, recém-aprovada pela então jovem Academia Brasileira de Letras e  a cartilha foi rejeitada justamente porque não atenderia aos critérios de ensino.

No Terra Gaúcha, aparecem, pela primeira vez na obra dele, as figuras de gaúcho.

 Simões Lopes Neto

Empresário e escritor é considerado o maior autor regionalista do Rio Grande do Sul, pois em sua obra procurou valorizar a história do gaúcho e suas tradições. Simões Lopes Neto só teve sua obra reconhecida após sua morte.

 Nasceu em Pelotas, em 9 de março de 1865, na Estância da Graça, a 29 quilômetros da cidade e de propriedade de seu avô paterno, João Simões Lopes Filho, o Visconde da Graça - que chegou a ter uma orquestra particular composta por escravos em sua grande fazenda.