Por Abgail Pereira

O ano de 2014 se inicia com uma pauta que nada mais é do que uma falsa polêmica: vale a pena o Brasil investir na Copa do Mundo em detrimento às mazelas sociais historicamente evidenciadas? O tema ganha contornos políticos mais acirrados pelo fato de iniciarmos um ano eleitoral, no qual êxitos e desacertos estarão na mira da opinião pública. As mobilizações contrárias ao megaevento e os episódios de manifestações populares, que tomaram o País em 2013, são justos, ainda mais quando verificamos o capital político adquirido pelo Brasil em todo o mundo nos últimos anos. Mas a pergunta que gera essa falsa polêmica precisa ser encarada para além da oposição Copa do Mundo versus direitos sociais.

É preciso desmistificar a Copa como um simples evento esportivo. O futebol é apenas um dos elementos em jogo. Além de mobilizar torcedores, ela é um grande negócio para outras centenas de milhares de pessoas e empreendimentos internacionais. Empresas de todo o mundo realizam suas ações durante o mundial, e investidores transformam o negócio da Fifa em oportunidades.
Portanto, o Brasil não irá somente atrair turistas, o que por si só já seria uma oportunidade singular. Além de ganhos imediatos, a Copa do Mundo dará uma visibilidade ao Rio Grande do Sul que demoraríamos décadas para conseguir. Estudos recentes da Fecomércio/RS estimam que, excluídos os gastos com transporte e hospedagem, o comércio local deve arrecadar cerca de R$ 320 milhões.

A Espanha é um exemplo de país que soube explorar as oportunidades para alcançar um outro patamar no mercado mundial do turismo. Hoje, 22 anos após os Jogos Olímpicos de Barcelona, é um dos maiores receptores de turistas do mundo. E, em um momento de crise econômica, o setor transformou-se em um esteio essencial para a economia espanhola. Esse é o desafio colocado ao Rio Grande do Sul, onde o turismo é uma atividade econômica inclusiva, que gera empregos e melhora a qualidade de vida dos gaúchos.

Artigo da Secretária de Estado do Turismo/RS, Abgail Pereira, publicado no Jornal do Comércio