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A História do Carnaval no Rio Grande do Sul

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Na foto, carnavais da época junto do Rei Momo
Foto acervo/reprodução/Almanaque do Bicentenário de Pelotas

O carnaval foi trazido ao Brasil pelos colonizadores portugueses, onde se manifestava por meio do entrudo, uma brincadeira popular em Portugal. O entrudo expunha zombarias públicas com um jogo das molhadelas. Nesse jogo, recipientes eram preenchidos com um líquido que poderia ser aromatizado ou malcheiroso, com água suja de farinha ou café, e até mesmo urina.

Por ser uma prática muito popular, algumas famílias viam o carnaval como uma oportunidade de renda extra para vender esses líquidos.

Um costume português que foi encerrado pela reforma modernizadora no Rio de Janeiro, passando a apresentar um “carnaval mais civilizado”. Entretanto, acentuou-se a divisão social e étnica que marcava o país  na recente abolição da escravatura.

Foi nas ruas de Pelotas, Zona Sul do Estado, no dia 27 de janeiro de 1921, que o clube cultural “Fica Ahí Pra Ir Dizendo” surgiu a partir da ideia de três trabalhadores não contentes com o carnaval existente, marcado pela exclusão social dos negros e onde os clubes de elite faziam a festa.

O clube era composto por trabalhadores e servia como uma espécie de extensão da casa dos negros pelotenses. A partir do Fica Ahí, começaram a surgir as escolas de samba em Pelotas e resistiram os cordões Depois da Chuva, Está tudo certo, Quem rir de nós tem paixão e Chove não Molha.

Em Porto Alegre, o carnaval também foi oriundo do entrudo, mas só teve início na década de 1930, nos bairros Areal da Baronesa e Colônia Africana, locais onde os escravos libertos passaram a morar após a abolição da escravatura no ano de 1888.

A primeira escola de samba de época modernista foi a Academia de Samba Praiana, fundada em 10 de março de 1960, sendo a primeira a desfilar com alas, fantasias e alegorias. Já os blocos, bandas, muambas e tribos surgiram apenas em 1970.

Essa manifestação cultural foi uma forma de resistência negra, onde os clubes se fizeram importantes para a história do Sul do Brasil e seguem resistindo até hoje. Assim como no caso das mulheres, que também eram reprimidas e não podiam participar da festa, sendo admitidas apenas na década de 1970.

Quando a resistência ganha corpo e a comunidade se unifica para participar, a elite sai dos cubes e vai para a rua. Em uma distinção com cordas, vemos o por quê se faz tão necessário resistir.

 

Fotos: acervo/reprodução/Almanaque do Bicentenário de Pelotas

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