Universo popular e de massa e obras de Mario Quintana são temas de exposições
Publicação:
O Museu de Arte Contemporânea do RS (MAC/RS) abre no dia 9 de julho (terça-feira), às 19h, duas exposições em seus espaços, localizados no 6º andar da Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ). Deixa Estar, de Sandro Ka, ocupará a Galeria Sotero Cosme e Espaço Iluminado de uma Intensa Irrealidade, de Adriana Conti Melo, a Galeria Xico Stockinger, seguindo ambas até 11 de agosto, com visitação diária, até sempre até as 19h.
DEIXA ESTAR - Sandro Ka (Galeria Sotero Cosme)
Imaginação, fé e política são temas apresentados na exposição, que reúne mais de 40 obras de Sandro Ka, entre recentes e destaques de uma produção superior a dez anos, criadas a partir de objetos e imagens do universo popular e de massa. Em sua produção, o artista visual gaúcho apresenta como temas de interesse a imaginação infantil, a imaginária religiosa e a citação de ícones da história da arte ocidental, como referências explícitas e irônicas, a esses sistemas de crença que orientam tradições e comportamentos na vida social, pública e privada. Através da apropriação e justaposição de brinquedos, bibelôs e estátuas religiosas, produtos industrializados e difundidos massivamente, o artista faz emergir através destas composições, a inocência lúdica que permeia a fé, a infância e a criação artística.
Com uma proposta museológica inédita no MAC/RS, assinada por Bianca Knaak, propõe diálogos entre a produção do artista e um recorte representativo de obras do acervo do museu. Em diferentes suportes e linguagens, nomes consagrados, como León Ferrari, Lia Menna Barreto, Walmor Corrêa e Téti Waldraff podem ser conferidos ao lado de obras de outros jovens artistas, como Daniel Escobar e Tridente. Segundo a curadora, tratam-se de obras que fazem parte de um repertório artístico que em distintos momentos e de diferentes maneiras inspiram, influenciam e dialogam com as motivações plásticas de Sandro Ka, ele mesmo representado no acervo do MAC/RS com três obras tridimensionais. Desta forma, a abordagem curatorial se propõe a apresentar diferentes momentos da cena artística brasileira, que são referências para a formação e compreensão da produção do artista. Neste processo destaca, também, o fundamental papel dos museus e da visibilidade de suas coleções para a formação do público ampliando, assim, suas oportunidades de acesso à arte contemporânea em nossa cidade.
Sandro Ka (1981, Porto Alegre) é formado pelo Instituto de Artes da UFRGS. Desde 2003 participa de exposições, com destaque para a individual Relações Ordinárias (Paço Municipal, Porto Alegre/2008) e as coletivas Cromomuseu (MARGS, PoA/2011), O Triunfo do Contemporâneo (Santander Cultural, PoA/2012), Labirintos da Iconografia (MARGS, PoA/2011) e VIII Bienal do Recôncavo Baiano (São Félix, BA/2006).
Bianca Knaak é doutora em História, professora no Instituto de Artes da UFRGS, membro do Comitê Brasileiro de História da Arte (CBHA), e ex-diretora do MAC/RS e do IEAVI.
ESPAÇO ILUMINADO DE UMA INTENSA IRREALIDADE -Adriana Conti Melo (Galeria Xico Stockinger)
No mês do aniversário de Mario Quintana (30 jul 1906/5 mai/1994), Adriana Conti Melo homenageia o poeta que dá nome ao espaço cultural onde fica o MAC/RS, na exposição cuja maioria das pinturas é obtida a partir de leituras de sua extensa obra. A artista dá continuidade ao seu trabalho de pesquisa e exploração da intersecção entre as cores e as linhas, formando espaços que se evidenciam mais de forma pictórica do que planejada, reforçando o seu nome no cenário artístico brasileiro. Na opinião da curadora, Kátia Canton, ela "passou a construir um universo próprio de camadas, com planos de cor, jogos de perspectivas imperfeitas, linhas que cortam a superfície e acabam ganhando um lugar graças à cor. Resulta-se num singular labirinto, numa beleza que é também repleta de estranhamento".
E essa beleza é reforçada pela potência dos traços e da pintura, convidando o espectador a criar um paralelo com alguma imagem de seu repertório próprio, a mergulhar na busca de onde darão as portas, janelas ou escadas que se insinuam nas telas. Adriana parece questionar o espectador das certezas sobre o domínio dos lugares: "busco imagens referenciais que me impactem, que conversem com o meu banco de emoções internas, que me façam pensar ou imaginar alguma possível cena da minha vida. Começo a construí-las a partir do fundo negro e me liberto do guia de partida, por isso costumo dizer que são espaços que se fundem da minha emoção e do pedido das cores, ganhando vida própria e que terão outras interpretações dependendo de quais emoções aportam quem na frente delas se coloca", afirma.
São treze pinturas, a maioria em grandes formatos, que não deixam o visitante passar ileso, nem neutro, como diz Canton: "nessas passagens que não nos guiam a lugar algum, nos resta ficar na própria companhia e presença. Penetrando as telas com o olhar, permanecemos em nossas próprias entranhas. Estamos, longe de casa, mas passíveis de captar algum resíduo de familiaridade e afeto. Nos contornos dos degraus, na angularidade de alguma porta podemos associar memórias, encantados que estamos com a gradação de cores. Nesse momento, então, podem surgir relações de tempo e espaços - identificações com detalhes de lugares que já vimos ou já vivemos. Cria-se ali, um passeio pela própria história".
Adriana Conti Melo (1965, SP) é graduada em Desenho Industrial pelo Mackenzie. Exposições Individuais: Estás Dentro (Galeria Central/Ímpar - SP/2012. Coletivas: Indepêndencia ou Morte (Ateliê Fidalga/2012); AlugaseVille (Galeria Central, SP/2012; Aluga-se na Dconcept (Galeria Dconcept, SP/2012); Quase a Última Foto (Fotogaleria Virgílio Calegari, PoA/2012); Galeria Ímpar (SP/2011); Meio Quilo (Museu Eugenio T Leal, Salvador/2011); Convivendo com Arte (Conhecendo Artistas Banco Santander/SP/ 2011); Boîte Invaliden (Invaliden1, Berlim/2011); About Change (World Bank, Washington DC/2011); PhotoFidalga Quase Galeria (Espaço T, Porto/Portugal/2010);Ateliê Fidalga no Paço das Artes (Ateliê Fidalga/2010); Nos limites da Arte (Ateliê Fidalga, Funarte SP/2009);PhotoFidalga Carpediem(Lisboa/2009).
Kátia Canton é natural de São Paulo, estudou arquitetura, formou-se em jornalismo e dança moderna. Cursou Literatura Francesa no Cours Superière de Nancy (França). Em 1987 foi residir em Nova York, trabalhando para vários jornais e revistas, como o Jornal da Tarde e O Estado de São Paulo, a revista Isto É, Vogue, Elle, O Expresso de Portugal, além de revistas norte-americanas de arte, como Art in America e Artforum. Fez doutorado em Arte e Interdisciplinaridade, na New York University. Trabalhou no departamento de Arte-Educação do MoMA (Museum of Modern Art). Em 1994, de volta ao Brasil, torna-se professora e curadora do Museu de Arte Contemporânea da USP, em São Paulo.
Serviço:
Abertura: Dia 9 de julho (terça-feira), às 19h.
Encerramento: 4 de agosto de 2013.
Onde:
Deixa Estar de Sandro Ka - Galeria Sotero Cosme do MAC/RS
Espaço Iluminado de uma Intensa Irrealidade de Adriana Conti Melo - Galeria Xico Stockinger do MAC/RS
6º andar da Casa de Cultura Mario Quintana (Andradas, 736).
Visitação: Segunda-feira, das 14h às 19h; de terça a sexta, das 10h às 19h; sábados, domingos e feriados, das 12h às 19h.
Entrada franca.