Ospa leva música brasileira a Montevidéu
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A Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa) vai a Montevidéu para se apresentar na principal casa de espetáculos uruguaia, o Teatro Solís, na próxima segunda-feira (17), às 19h30. Esta será a quarta vez que a orquestra realiza concerto na capital uruguaia. A última foi em 1997. Quinze anos depois, ela volta acompanhada por um dos músicos brasileiros de maior renome internacional, o violonista Yamandu Costa. O consagrado maestro nascido no Brasil e naturalizado polonês José Maria Florêncio dirigirá a orquestra em um repertório inteiramente dedicado à música brasileira. O concerto faz parte de um programa de intercâmbio do Governo do Estado do Rio Grande do Sul com o governo do Uruguai, com apoio da Secretaria da Cultura do Município de Montevidéu.
A apresentação da Ospa no palco por onde já passaram grandes nomes da música de concerto, como Zubin Metha, Giacomo Puccini e Arthur Rubinstein, destaca compositores referenciais da música feita no Brasil: Antônio Carlos Gomes (1836- 1896), Heitor Villa-Lobos (1887- 1959) e César Guerra-Peixe (1914-1993). De Carlos Gomes, será executada a Alvorada da ópera Lo Schiavo, dedicada à princesa Isabel, que assinou a lei que aboliu a escravidão no Brasil. De Villa-Lobos, os uruguaios ouvirão as famosas Bachianas Brasileiras nº 4, parte de uma série de obras em que o compositor colocou em diálogo a música de Johann Sebastian Bach e o folclore brasileiro. De Guerra-Peixe, a Ospa apresentará a Suíte Sinfônica nº 2 – Pernambucana, em que aparecem ritmos característicos do estado de Pernambuco, no Nordeste do Brasil, onde o autor desenvolveu intensa pesquisa.
A orquestra também leva para Montevidéu uma obra composta em 2008 pelo próprio solista, Yamandu Costa, em parceria com Paulo Aragão. Os dois são violonistas dedicados à música popular brasileira, mas têm formações distintas. Yamandu cresceu dentro da tradição violonística do folclore gaúcho, e Aragão frequentou a Academia, onde ganhou intimidade com a música de concerto. Desta diferença, fez-se a parceria. Yamandu criou os temas, e Aragão os desenvolveu, com domínio da linguagem orquestral. Fantasia Popular, para violão de 7 cordas e orquestra, tem inspiração na música popular e homenageia três grandes nomes desta tradição: Radamés Gnattali, Baden Powell e Antônio Carlos Jobim.
Os ingressos custam 200 pesos uruguaios (com desconto para estudantes de música) e estão à venda na bilheteria do Teatro Solís.
Teatro Solís
Mais importante casa de espetáculos do Uruguai, o Teatro Solís foi fundado em meados do século XIX e se transformou em pólo que atrai as maiores estrelas internacionais da dança, da música e do teatro. Pelo palco de sua sala principal, já passaram Caruso, Carlos Gardel, Milton Nascimento, Caetano Veloso, Aznavour, Segovia, Piazzolla, Harry James, Osvaldo Pugliese, Rubinstein, Puccini, Margarita Xirgú, Zubin Mehta e centenas de outros grandes nomes.
O prédio do Teatro Solís foi declarado patrimônio histórico. Inaugurado em 1856, seu nome homenageia Juan Díaz de Solís, navegante conquistador do Rio da Prata. Mais informações em www.teatrosolis.org.uy
Yamandu Costa - violonista
Considerado um dos maiores talentos do violão brasileiro, Yamandu é uma referência mundial na interpretação da nossa música, que domina e recria a cada performance. Quem o vê no palco percebe seu incrível envolvimento, sua paixão pelo instrumento e pela arte. Sua criatividade musical se desenvolve livremente sobre uma técnica absolutamente aprimorada, explorando todas as possibilidades do violão de 7 cordas.
Revelando uma profunda intimidade com seu instrumento e com uma linguagem musical sem fronteiras, percorreu os mais importantes palcos do Brasil e do mundo, participando de grandes festivais e encontros, e vencendo os mais relevantes prêmios da música brasileira. Recebeu o Prêmio Visa Edição Instrumental em 2001, o Prêmio Tim de melhor instrumentista em 2004 e o Prêmio da Música Brasileira como melhor solista em 2010. Em 2007, foi solista convidado da Orquestra Nacional da França, sob regência de Kurt Masur.
Tem quinze CDs lançados, entre eles, Mafuá (Biscoito Fino, 2011); Yamandu + Dominguinhos Lado B (Biscoito Fino, 2010); Luz Da Aurora, com Hamilton de Holanda (Eldorado, 2009); El negro Del Blanco, com Paulo Moura (Biscoito Fino, 2004); e Dois Tempos, com Lucio Yanel (ACIT, 2000).
José Maria Florêncio - maestro
Nascido em Fortaleza, no Nordeste do Brasil, José Maria Florêncio mora na Polônia há 26 anos. Naturalizou-se polonês e atua como maestro titular da famosa Capella Bydgostiensis, uma das orquestras de câmara mais conceituadas do país. Paralelamente, mantém um calendário de concertos, espetáculos de ópera, balé e gravações em praticamente todos os continentes do globo. Foi agraciado pelo Ministro da Cultura da Polônia com a medalha Gloria Artis por seus trabalhos em prol da promoção da cultura polonesa no mundo. No momento, também exerce a honrosa função de Cônsul Honorário do Brasil na Polônia, por indicação conjunta do Itamaraty e do Ministério das Relações Exteriores da Polônia.
Ao todo, Florêncio teve onze professores de regência de nove nacionalidades, em quatro países (Brasil, Estados Unidos, Áustria e Polônia), entre os quais figuram nomes como Henryk Czyz, Julius Kalmar e Eugene Ormandy. Já ministrou masterclass de regência no tradicional Conservatório Tchaikovsky de Moscou.
Seu CD com obras de compositores franceses foi classificado com cinco diapasões pela crítica francesa. Além disso, ele acaba de gravar um disco com obras de Heitor Villa-Lobos, com a orquestra de câmara inglesa Academy of Saint Martin in the Fields, e um novo CD com sua própria orquestra, dedicado à música brasileira.
A Ospa é uma das fundações vinculadas à Secretaria de Estado da Cultura. Os concertos da Temporada 2012 são patrocinados pela Lei Federal de Incentivo à Cultura, Vonpar, Ipiranga, Gerdau, Souza Cruz e Brasília Guaíba. A realização é da Ospa, Fundação Cultural Pablo Komlós e Secretaria de Estado da Cultura – Governo do Estado do Rio Grande do Sul.
Serviço:
O que: Ospa em Montevidéu
Quando: 17 de setembro (segunda-feira), às 19h30
Onde: Teatro Solís, Montevidéu-Uruguai
Ingressos: $200 (estudantes de música pagam $160)
Texto: Ana Laura Freitas
Edição: Asscom Sedac