Monumento da década de 20, Chateau D’Eau é tombado em Cachoeira do Sul
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Centenas de pessoas acompanharam a entrega do restauro do Chateau D’Eau – antiga caixa d’água – e o tombamento do mesmo, no último sábado, em Cachoeira do Sul. A obra teve investimento de R$ 1,1 milhão do governo do Estado, via Corsan, e todo processo de preservação do patrimônio histórico foi acompanhado pelo Instituto do patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae).
O Secretário Estadual da Cultura, Turismo, Esporte e Lazer, Victor Hugo Alves da Silva, defendeu o investimento público em monumentos que sirvam como lembrança daqueles que construíram do Rio Grande. “Este é o fundamento para que existam políticas de restauro e preservação da memória e é função do estado garantir que os tombamentos não sejam banalizados”.
Victor Hugo também destacou a parceria da Corsan, que além custear o restauro do Chateau D’Eau, patrocina o projeto de interiorização da orquestra Sinfônica de Porto Alegre, que no sábado, após a assinatura do tombamento, fez uma apresentação para mais de mil pessoas na Igreja Matriz, com a regência do maestro Evandro Matté e como convidado o solista Samuca do Acordeon.
Durante a cerimônia de entrega, o restaurador Antônio Sarasá, explicou o significado da obra, destacando que ela vai além da materialidade e está no imaginário de todos os cachoeirenses. De forma semelhante, o prefeito de Cachoeira do Sul, Sergio Ghignatti lembra que ele mesmo frequentava o local e que “recuperar o Chateau D’Eau, após ele sofrer os efeitos do tempo por décadas, é uma forma de devolver sua beleza e imponência à comunidade”.
O Chateau D’Eau é o terceiro patrimônio tombado na cidade pelo Iphae, além da Ponte de Pedra e da Fazenda da Tafona.
Sobre o restauro do monumento
O Chateau D’Eau foi construído para levar a água por gravidade ao reservatório de distribuição localizado na rua Júlio de Castilhos e, ao mesmo tempo, regular a pressão da água nas zonas mais elevadas. Com o passar do tempo e o crescimento da cidade, esse objetivo não foi mais alcançado, mas a beleza e o simbolismo do local permaneceram ao longo dos anos.
O monumento deixou de ser utilizado para o abastecimento de água no início da década de 1970, tendo em vista as obras de ampliação do sistema de abastecimento de água executadas pela Corsan. A partir de então, tornou-se um belo chafariz histórico, construído numa época de enorme valor artístico e cultural nas obras de saneamento. O local, então, passou a sofrer a ação do tempo, sendo necessário um trabalho técnico de recuperação condizente com a importância do monumento.
Para realizar tão detalhado processo de restauração, a Corsan contratou o restaurador Antônio Sarasá, proprietário do Estúdio Sarasá, empresa paulista especializada que já realizou recuperações em locais históricos importantes, como o Teatro Municipal de São Paulo, os vitrais da catedral de Brasília, o Museu Ipiranga,entre outras. A equipe responsável pelos trabalhos reconstruiu com argamassa especial as partes quebradas do monumento e realizou uma pintura na parte interior da edificação, na cor ocre (amarelo-escuro), original da época da inauguração. As obras também incluem nova iluminação, restauro do espelho d’água e paisagismo.
O Chateau D’Eau é um torreão vazado, em estilo neoclássico, com colunas dóricas no térreo, jônicas no primeiro andar e coríntias no último lance. Em seu topo está a representação de Netuno e, ao redor do torreão, oito figuras de ninfas semi-inclinadas carregando cântaros de onde jorra um filete de água para o interior de um espelho d’água recortado em compartimentos pelas alamedas que conduzem às escadarias. Cercado inicialmente por doze palmeiras imperiais, o monumento compõe um paisagismo de matizes clássicas, como aqueles desenvolvidos em escala mais ampla no Palácio Itamaraty, no Rio de Janeiro, e em São Paulo, no Parque da Independência. Após a inauguração oficial, a manutenção do Chateau D’Eau fica sob responsabilidade da Prefeitura.