O processo de escuta e diálogo realizado pelo Gabinete Digital em torno do tema da Copa do Mundo 2014 no Brasil incluiu o recolhimento de questões da população, seja em atividades presenciais, seja por meio da consulta pública realizada pela internet nos meses de abril e maio. O diálogo desta segunda-feira, 9, com a presença do governador e de secretários de Estado, além de representantes da sociedade civil, buscou dar respostas aos principais questionamentos, tantos os mais votados quanto os mais recorrentes.

1. Pergunta dos alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental Júlio Brunelli: O quanto é vantajoso para o Brasil receber a copa?

De acordo com o secretário do Esporte e Lazer, Ricardo Petersen, “os megaeventos são um importante catalisador para a melhoria da qualidade de vida e podem acelerar o processo de regeneração de uma cidade nas mais diversas áreas, oportunizando legados tangíveis e intangíveis”. No caso de legados sociais, afirmou, ao modificarem a estrutura e o cotidiano da cidade, beneficiam toda a população, por meio da melhoria do transporte público, da oferta de vagas de trabalho na construção civil etc. Entre os legados intangíveis, o secretário apontou a capacitação de cerca de 49 mil pessoas em diversas áreas.

2. Pergunta de Cláudia Favaro: Como será feito o atendimento ao turista que não fala o nosso idioma? Sabemos que a obrigação é que ele fale pelo menos inglês, mesmo sendo de outra nacionalidade, mas sabemos também que grande parte dos brasileiros não tem fluência no inglês). Como ele será atendido, por exemplo, em hospitais, se necessário?

“Nós estamos abertos para receber não só maior evento esportivo, mas também o maior evento turístico do Rio Grande do Sul”, garantiu o secretário do Turismo, Márcio Cabral. A afirmação baseia-se nos números: 220 mil gaúchos e gaúchas trabalham no setor do Turismo, 10 mil profissionais foram formados em idiomas pelo Tchê Qualifica, o programa de qualificação profissional criado pelo Governo do RS e que se soma ao Pronatec Turismo e ao Pronatec Copa na Empresa. A garantia de atendimento em saúde pelo SUS também foi apontada pelo secretário, segundo o qual hospitais vinculados ao SUS, especialmente o Hospital de Pronto Socorro e o Ernesto Dornelles, estão habilitados a atender turistas. “Contaremos com povos dos cinco continentes em nosso estado, que trilhou um grande caminho de preparação e é capaz de impressionar os turistas que virão pela primeira vez. Não faltará informação nem qualidade de serviços”, disse. Cabral também ressaltou a hospitalidade do povo gaúcho: “o Rio Grande do Sul é um grande destino turístico, sairemos da Copa maior do que entramos”.

3. Pergunta de Fábio Bühler e Jean Lucca de Oliveira Becker: Serão realizadas atividades e oferecimento de refeições nas escolas estaduais nos dias sem jogos?

As escolas estaduais funcionarão de acordo com os horários estabelecidos pelo ponto facultativo, de acordo com o secretário da Educação, José Clóvis Azevedo. Mesmo nos dias de jogos, afirmou, fora do horário facultativo, as escolas funcionarão normalmente, servindo refeições e garantindo o transporte escolar como de costume. O secretário acrescentou que se trata de uma mobilização de 2.574 escolas, que estão trabalhando projetos pedagógicos voltados à relação com os povos que estarão no Brasil, ao conhecimento sobre as diferentes etnias e seus países. “Está tudo estruturado, será um mometno de muita importância e vamos torcer que nossas crianças possam sentir a alegria de ganhar uma Copa do Mundo no Brasil”, concluiu.

4. Pergunta anônima: No Diálogos da Copa, Tarso disse que o estado pode arrecadar até R$ 80 milhões em impostos com o evento. É possível legalmente que a comunidade e a rede decidam para onde essa grana será destinada? Esse dinheiro é, digamos, extra ao orçamento previsto. Poderia muito bem ser destinado a compensações pelos danos causados pela execução da Copa do Mundo. Compensações essas definidas pela comunidade, pela rede. Se não for possível, onde vai ser investido esses 80 milhões?

Embora seja impossível definir, de antemão, qual será o montante final arrecadado com impostos em virtude da Copa do Mundo, o Estado pretende direcionar os recursos para o próximo Ciclo Orçamentário, que culmina na Votação de Prioridades do ano de 2015, quando a população define a destinação dos investimentos do Estado para o ano seguinte.

5. Pergunta de Paulo Ricardo Pereira Saldanha: Estaria a nossa segurança do Estado preparada para os protestos locais e prováveis tumultos entre torcedores estrangeiros simultaneamente?

“Nossa preocupação é q o ente mais discreto na Copa seja a Segurança Pública”, afirmou o secretário da pasta, Airton Michels. Ele ressaltou, além da troca de conhecimento, de informações e de aprimoramento, a integração entre diferentes órgãos dos governos estadual, federal e municipal, reunidos no Centro Integrado de Comando e Controle e preparados para dar respostas imediatas a eventuais urgências. “Nós trabalhamos com todas as hipóteses, inclusive com as mais imponderáveis ou imprevisíveis. Temos esse preparo muito sólido”, garantiu. O reforço dos efetivos da Brigada Militar e da Polícia Civil, com a vinda de profissionais do interior, também foi mencionado por Michels, com a ressalva de “que não se pense que agimos assim para ter uma maioria num eventual confronto, mas para que se administre melhor, se tenha melhor gestão”. Com isso, o Governo pretende garantir o respeito aos direitos de todos os cidadãos e cidadãs, sejam os que estiverem em Porto Alegre para assistir aos jogos, sejam os que quiserem se manifestar com protestos. “A orientação que nós temos, de absoluto respeito ao Estado de Direito, permitirá que nós tenhamos a copa mais pacífica possível”, concluiu.

6. Pergunta anônima: Estima-se que durante a realização da Copa do Mundo, o Rio Grande do Sul receba cerca de 200 mil turistas e que a movimentação financeira no mês de julho deve gerar, aproximadamente, R$ 80 milhões em impostos para o estado. Contudo, os impactos ligados a realização do Mundial não são meramente econômicos: remoções de famílias, alterações no calendário escolar, atuação da Brigada Militar, elitização do esporte, comercio de ambulantes, ocupação dos espaços públicos, etc. De que forma o governo do estado está trabalhando para que o evento esportivo, que deverá ocorrer em épocas de reivindicações populares, se traduza em oportunidades de geração de emprego e renda para a população gaúcha?

A principal ação da secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social é a forma dialogada de construção, afirmou o titular da pasta, Edson Borba. “Temos muito a comemorar, porque conseguimos construir com os diferentes setores a sua forma de integração no processo da Copa, buscando sempre a geração de renda para as famílias que vão ser beneficiadas por esse processo. É um legado positivo porque foi construído coletivamente.” A missão da secretaria, acrescentou, foi a de qualificar as pessoas e os atores que atuarão em atividades que gerarão renda na Copa. Ele qualifica o trabalho desenvolvido pela secretaria como “a maior qualificação profissional da história do Rio Grande do Sul e do município de Porto Alegre”, com cursos de idiomas para taxistas, preparação de mão-de-obra qualificada para a construção civil, atenção aos bares, restaurantes e hoteis, em um trabalho conjunto com as demais secretarias do Governo. “Estamos convencidos que estamos no caminho. Preparamos uma comissão de fiscalização, dando muita atenção ao trabalho infantil também”, afimou. O objetivo, de acordo com o secretário, é coibir qualquer forma de trabalho infantil e de exploração dos trabalhadores.

7. Quais serão as medidas tomadas para previnir o turismo sexual e a prostituição de menores?

“A política pública para as mulheres é uma prioridade no nosso governo. Estamos estabelecendo cada vez mais redes de trabalho para garantir o combate à violência e a garantia de direitos humanos às mulheres”, sentenciou a secretária de Políticas para as Mulheres, Ariane Leitão. O combate à exploração acontecerá por meio de informes que circularão por todas as regiões da cidade, em busdoors e outdoors, entre outros meios, com o número do Telefone Lilás (0800 541 0803, por meio do qual não só a vítima pode entrar em contato, como qualquer cidadão tem condições de denunciar casos de agressão, maus tratos ou mesmo de preconceito presenciados. O Centro de Referência Vânia Araújo terá atendimento bilíngue para garantir todo o suporte às mulheres vítimas de violência. Além disso, a secretária destacou também o enfrentamento à “estigmatização das mulheres no sentido da sexualidade”, que acontece muito em discursos relacionados ao futebol, e anunciou que será realizado um curso de árbitras. “Vamos aproveitar para que a Copa seja o momento para fazer uma disputa cultural, de valores, para discutir sexismo e futebol. Ações pra reafirmar o papel das mulheres no futebol, porque o papel da mulher é onde ela quiser, inclusive na Copa e no futebol”.

Fonte: Gabinete Digital