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Encontro na Feira do Livro anuncia que Brasil terá a primeira Casa de Refúgio para Escritores em 2015

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Liberdade de expressão em debate na Feira do Livro de Porto Alegre

No inicio da noite desse domingo (02), na Sala Oeste do Santander Cultural, foi realizado um encontro entre escritores abrigados e dirigentes do Internacional Cities of Refuge Network (ICORN), que abordou o funcionamento das casas  de refúgio. Atualmente há cadastrados 900 escritores, jornalistas, tradutores e ensaístas em situação de perigo no mundo todo.

O ponto alto do debate  foi o anúncio da criação da primeira Casa de Refúgio para Escritores do Brasil na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais. O evento integrou a programação da 60ª Feira do Livro de Porto Alegre e foi realizado numa parceira da Secretaria de Estado da Cultura com a comissão organizadora da  Feira.

O secretário da Cultura, Assis Brasil, fez a abertura do debate que contou com a participação de Helge Lunde, diretor do International Cities of Refuge Network (ICORN), Carles Torner, presidente do PEN Club Internacional, Claudio Aguiar, presidente do PEN Clube no Brasil, e dos escritores refugiados Mohsen Emadi, do Irã, e da escritora hondurenha de pseudônimo Julia Oliveira. A francesa Sylvie Debs, representante da ICORN no Brasil e fundadora da Casa Brasileira de Refúgio (CABRA), mediou as explanações.

900 inscritos aguardam lugar nas casas de refúgio
900 inscritos aguardam lugar nas casas de refúgio

O projeto na cidade mineira deve receber um escritor por quatro meses na Casa do Ex-aluno da Escola de Minas, em 2015. Carlos Aguiar contou  que busca ampliar a rede no País. “O PEN Clube existe desde 1936 e só agora podemos comemorar a instalação de um refúgio no Brasil”, conta Aguiar. “É preciso difundir os benefícios do acolhimento, é uma relação de ganha/ganha. O escritor ganha condições para continuar trabalhando e a cidade que acolhe, a possibilidade de conhecer melhor outra cultura e história”.

A escritora hondurenha afirmou que as casas são espaços para se ter um pouco de tranqüilidade, mas não a paz. Mohsen Emadi, que veio de um país marcado pelas guerras, conta que se sentia condenado, num estado de tensão e que muitos amigos vivem em cárcere ou morreram por causa da tortura.

O encontro que contou, também,com a presença do presidente da Câmara Rio-Grandense do Livro, Marco Cena, e do patrono da 60ª Feira do Livro de Porto Alegre, Airton Ortiz.

Sobre o ICORN

 Há um quarto de século, Salman Rushdie foi condenado à morte por uma fátua do Imam Jomeini.Foi o primeiro escritor da história da humanidade a ser perseguido no mundo inteiro. Diante desse fato e dos  assassinatos de escritores na Argélia, o próprioSalman Rushdie, com a assinatura e  participação de mais de 350 escritores do mundo, criaram, em 1993, em Estrasburgo (França), o Parlamento Internacional de Escritores. Este Parlamento deu origem a uma rede de Cidades Refúgio para escritores perseguidos. Em 2006, a cidade de Stavanger (Noruega) reestruturou essa rede, criando uma organização internacional de sócios independentes, ICORN (www.icorn.org), oferecendo 40 lares seguros para escritores que podiam, assim, continuar se expressando de maneira livre.

 Com o aumento do número de escritores perseguidos (por volta de 800 em 2013, segundo dados do PEN Internacional de Londres), era preciso abrir novos espaços para acolher romancistas, ensaístas, dramaturgos, poetas, blogueiros, editores, tradutores, redatores, jornalistas e caricaturistas ameaçados de morte e tortura. Por esta razão, foi lançado o projeto CABRA  (CAsas BRAsileiras de Refúgio). O primeiro passo foi dado em 2014, quando uma comissão de trabalho do PEN Clube do Brasil veio divulgar o conceito de ICORN.

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