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Projeto Saberes e Memórias fortalece vínculos entre povos indígenas e Museu de História Julio de Castilhos

Formação inédita proporcionou a jovens vivências teóricas e práticas voltadas à mediação cultural

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Durante a capacitação, os jovens aprenderam a mediar visitas em suas próprias aldeias e no MHJC - Foto: Gregori Oliveira/MHJC
Por SARA GOLDSCHMIDT / ASCOM SEDAC

A primeira edição do projeto Saberes e Memórias: Interlocução Museu-Aldeias, promovida pelo Museu de História Julio de Castilhos (MHJC) e pela Associação de Amigos do Museu (AJUC), chegou ao fim na última sexta-feira (26/9). Com duração de 11 meses, a formação teve como objetivo aproximar jovens indígenas da rotina museal, proporcionando vivências teóricas e práticas voltadas à mediação cultural. 

Ao todo, 25 estudantes participaram do projeto, que teve início em outubro de 2024 e contou com financiamento da Lei Paulo Gustavo (LPG - Lei Complementar 195/2022). Além de uma bolsa no valor de R$ 1,6 mil, os cursistas que concluíram a capacitação receberam auxílio-alimentação e transporte, e um certificado de 60 horas. Com idades entre 18 e 35 anos, os jovens são originários de 10 aldeias de quatro municípios da Região Metropolitana: Cachoeirinha, Porto Alegre, São Leopoldo e Viamão. Quatro dessas aldeias são do povo Kaingang e cinco, Mbyá-Guarani, os dois povos indígenas mais populosos do Rio Grande do Sul.

“Iniciativa pioneira de diálogo intercultural e valorização dos saberes indígenas no campo museológico, o projeto consolidou uma rede de trocas significativas entre o museu mais antigo do Rio Grande do Sul - o MHJC - e diversas comunidades indígenas, reafirmando o compromisso da instituição com a democratização da cultura e o fortalecimento das vozes originárias”, ressalta o historiador Guilherme Brandalise, coordenador do curso.

Explorando temas como memória, patrimônio, território e identidade, a capacitação promoveu quatro módulos formativos e visitas guiadas à instituição da Secretaria da Cultura (Sedac). Atuando como mediadores, os cursistas receberam grupos de oito aldeias da Região Metropolitana e 277 alunos de escolas não-indígenas de quatro municípios gaúchos (Canoas, Marau, Porto Alegre e Torres), ampliando o alcance e a diversidade do público envolvido. 

“Pra mim foi muito importante, o curso me ajudou muito, muito mesmo. Ao mesmo tempo que me ajudou na questão de conversar e receber [as pessoas], nas questões das aldeias também: de como a gente recebe os turistas, a experiência de conversar, de explicar como funciona, como a gente vive, falando um pouco da realidade para os não-indígenas. Deixei de lado essa questão de como que eu falo, de onde que eu começo, aprendi, então foi muito bom!”, relata o jovem Adriano Wherá, de 27 anos, da da aldeia Nhe'engatu, de Viamão.

Cursistas Daniele Pinto, Gisele de Oliveira e Jussara Pereira durante atividade no Museu - Foto: Gregori Oliveira/MHJC

Para a posteridade

Além das vivências presenciais, o projeto resultou na produção de dois materiais acessíveis e gratuitos: um e-book e um audiolivro, que reúnem relatos dos cursistas, reflexões da equipe, registros fotográficos e análises sobre o legado da iniciativa. Os conteúdos estão disponíveis on-line e representam uma ferramenta de memória e continuidade para futuras ações. 

A dimensão do projeto também se expressa na criação de espaços de memória em nove aldeias indígenas das etnias Kaingang e Guarani Mbyá, localizadas na região metropolitana de Porto Alegre. Em conjunto com os cursistas, foram produzidos materiais visuais como banners de lona, fotografias impressas e recursos gráficos educativos, que, compartilhados com visitantes e a própria comunidade, contribuem diretamente para a valorização local dos saberes indígenas e para o fortalecimento da identidade cultural. 

“Mais do que um ciclo encerrado, Saberes e Memórias é um marco que inspira novas práticas museológicas, pautadas pela escuta, pelo respeito e pela coautoria com os povos indígenas. O MHJC e a AJUC seguem comprometidos com a construção de um museu mais plural, inclusivo e conectado às realidades vivas que compõem o patrimônio cultural do Rio Grande do Sul”, destaca Brandalise. 

Restauro do MHJC

O Museu de História Julio de Castilhos (MHJC), instituição da Secretaria da Cultura (Sedac), passa por obras de restauro e qualificação. Com investimento de R$ 11.174.828,32 do programa Avançar na Cultura,  do governo do Estado, o projeto inclui a restauração das duas edificações históricas que compõem o Museu, onde serão instaladas áreas expositivas, administrativas e de apoio, e a construção da nova reserva técnica, garantindo as condições ideais de conservação do acervo da instituição, tombado em nível nacional. 

Com previsão de reabertura ao público em 2026, o MHJC tem realizado atividades em parceria com outras instituições, em escolas e em espaços públicos. Mais informações você encontra na página do Museu, no site da Sedac, e no Instagram @museuhistoriajuliodecastilhos.

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