De humani corporis fabrica em cartaz no Margs
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O Museu de Arte do Rio Grande do Sul – MARGS apresenta de 6 de junho a 11 de agosto de 2013 uma grande mostra que vai abordar vários aspectos das relações entre Arte e Medicina. Serão exibidas obras de 47 artistas, sendo 28 pertencentes ao acervo do MARGS e 19 trabalhos de artistas convidados, já existentes e/ou produzidos especialmente para a exposição.
A exposição De Humani Corporis Fabrica – Anatomia de relações em Arte e Medicina será na Pinacoteca e galerias laterais do MARGS, com abertura dia de 6 de junho (quinta-feira), às 19h e encerramento dia11 de agosto de 2013. A visitação é de terças a domingos, das 10h às 19h, com entrada gratuita.
A mostra traz peças de outros universos museológicos, em especial dezenas de objetos do acervo do Museu da História da Medicina do RS (MUHM), os quais vão ser intercalados com as obras de arte, num diálogo entre esses dois campos distintos, dentro da ótica da transversalidade. O resultado é uma intersecção entre a criatividade do artista e a memória histórica da medicina.
A curadoria é José Francisco Alves, curador-chefe do MARGS e professor de escultura do Ateliê Livre da Prefeitura de Porto Alegre.
Obras do Margs passarão por exames médicos
No dia 28 de maio, obras do acervo do Museu de Arte do Rio Grande do Sul vão ser examinadas na SIDI – Medicina por Imagem. Os resultados serão apresentados na exposição sobre Arte e Medicina.
A proposta vai apresentar algo inédito em exposições no Rio Grande do Sul: imagens de obras de arte do acervo do museu reveladas por meio de exames médicos de alta tecnologia, como ressonância magnética e raios X.
O objetivo dessa ação, que conta com o apoio da SIDI – Medicina por Imagem, é revelar aspectos ocultos, internos à própria essência das obras de arte mas que não podem ser visualizados a olho nu.
A ideia surgiu a cerca de dois anos, ao analisar a pintura “Passeio” (1954), do artista Paulo Flores (1926-1957),a partir da observação do curador da obra, verificando que se trata de uma repintura por cima de uma outra pintura, de estrutura formal e pinceladas completamente distintas das formas da obra que se apresenta visualmente.
Nesse sentido, os exames vão procurar revelar as imagens ocultas, ou seja, a obra que existe por de trás da pintura “Passeio”, esta a mais conhecida e divulgada pintura do artista gaúcho Paulo Flores, que faleceu prematuramente em 1957.
Enquanto procedimentos tecnológicos da área médica são utilizados também no contexto museológico como meio de se alcançar os diagnósticos que visam à restauração e/ou conservação das obras de arte. Tais procedimentos visam à experiência cultural que a descoberta dessas estruturas formais ocultas podem oferecer, seja como questão didática do fazer artístico, como para satisfação da curiosidade de especialistas em arte e do público geral.
No campo da escultura, o objetivo de tais exames revelam estruturas internas de certas obras que são construídas sob estruturas que se assemelham à estrutura interna do corpo humano. Enquanto essas esculturas possuem almas (termo técnico), feitas de arame ou similar, os nossos corpos apresentam esqueleto, e curiosamente ambos são analisados e/ou estudados pelos mesmos equipamentos.
Assim, serão analisadas duas esculturas figurativas de gesso, com acabamentos distintos; uma de Francisco Stockinger (1919-2009), São Francisco (1960), e outra de Vasco Prado (1914-1998), Gaúcho (1954).
Apesar do gesso não ser considerado um material definitivo, de modo geral, e sim uma etapa – um modelo – para a fundição, houve um tempo em que as possibilidades para se fundir em bronze eram mais difíceis, pelos altos custos. Nesse sentido, “São Francisco” (premiado no Salão de Arte Cristã de 1960) e “Gaúcho” (feito para o concurso de 1954 que foi vencido pelo “Laçador” de Antônio Caringi) vão passar por exames médicos os quais, além de satisfazerem as nossas curiosidades, vão dar subsídios para as melhorias dos cuidados que essas peças carecem, por sua fragilidade material.
As obras de arte para esses exames serão manipuladas pelas equipes técnicas do MARGS (Curadoria e Acervo) e pela equipe médica da SIDI.
Texto: Asscom Margs
Edição: Asscom Sedac